quinta-feira, 30 de agosto de 2018

O Deus da Agricultura Provou Cem Ervas

Na antiguidade remota a vida era extremamente dura. Para sobreviverem os homens eram constantemente obrigados a caçar animais, pássaros e frutos silvestres, desafiando íngremes montanhas, transpondo largos rios, suportando frios rigorosos do inverno e calores ardentes no verão, e correndo incalculáveis riscos.

No entanto, nesses tempos, não existiam doenças razão pela qual, ninguém adoecia.

Qual então a razão que a humanidade começou a sofrer de tantas diversas pestes e todas as demais enfermidades que se têm vindo a arrastar até aos dias atuais? A história para este questionamento encontra-se no mito abaixo:

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Ares, Senhor da Guerra


Ares (em grego: Ἄρης; transl.: Árēs), na mitologia grega, é filho do famoso Zeus (o soberano dos deuses) e Hera. Ares foi muito cultuado em Esparta, uma das mais importantes Cidades-Estados da Grécia antiga. Embora muitas vezes tratado como o deus olímpico da guerra, ele é mais exatamente o deus da guerra selvagem, ou sede de sangue, ou ainda, a matança personificada.

Embora importante na poesia, Ares era raramente incluído no culto na Grécia antiga, salvo em Esparta, onde ele era propiciado antes da batalha, e, embora implicado no mito de fundação de Tebas, ele apareceu em poucos mitos.

Religiões são, por definição, metáforas, apesar de tudo: Deus é um sonho, uma esperança, uma mulher, um escritor irônico, um pai, uma cidade, uma casa com muitos quartos, um relojoeiro que deixou seu cronômetro premiado no deserto, alguém que ama você – talvez até, contra todas as evidências, um ente celestial cujo único interesse é assegurar-se que o seu time de futebol, o seu exército, o seu negócio ou o seu casamento floresça, prospere e triunfe sobre qualquer oposição. Religiões são lugares para ficar, olhar e agir, pontos vantajosos a partir dos quais se observa o mundo.
Neil Richard Gaiman

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Nü Wa, a Deusa que Criou a Humanidade e Remendou o Céu


A lenda de Pan Gu, o criador do universo, conta que após a morte de Pan Gu, o seu espírito deu origem à humanidade. Existe no entanto outra lenda que relata ter sido Nü Wa, uma bondosa e gentil deusa, a criadora da humanidade, tendo também sido ela quem, trabalhando exaustivamente em desafio, remendou o céu que tinha sido destruído - contribuindo assim largamente para a sobrevivência e felicidade da raça humana. Esta história prossegue da seguinte forma:

Após a criação do universo, a deusa Nü Wa encetou longas viagens por todas as partes mais recônditas do firmamento e da terra. No majestoso céu, o sol, a lua e as estrelas competiam em esplendor; no poderoso mundo, altas montanhas, longos rios, luxuriante vegetação, viçosas árvores, alegres animais, cantoras aves, irrequietos peixes, enfim... Tudo, aparentava vigor e pujança. A deusa sentiu-se rejubilante com tudo quanto viu, todavia, sentiu ainda haver algo insuficiente. Sim, era necessário criar um ser mais inteligente que tudo e todos, capaz não só de trabalhar mas também de administrar o mundo. Por mais perfeito que fosse o universo, por maior variedade de espécies vivas que tivesse o mundo, era finalmente essencial criar um elo de ligação entre todas as coisas a ser conseguido através de raça humana. 

Pan Gu, o criador do universo

Muitos, muitos anos atrás, antes do princípio do céu, da terra e da humanidade, o Universo constituía uma massa negra que se assemelhava a um grande ovo dentro do gual se encontrava em crescimento e dormia a sono solto um gigantesco embrião chamado Pan Gu.

Passados cerca de 18 mil anos, Pan Gu começou a acordar. Quando finalmente abriu os olhos e se pôs a olhar em volta descobriu que tudo era tão negro que não conseguia distinguir nada. Isso o aborreceu muito, tanto que, acabando por ficar enraivecido, abriu a palma de sua enorme mão e brandindo seu colossal braço, desferiu um golpe violento na confusão negra que o rodeava.

Atena, Senhora da Guerra e da Sabedoria.


Atena (no grego ático: Αθηνά, transl. Athēnā ou Aθηναία, Athēnaia), também conhecida como Palas Atena (Παλλάς Αθηνά) é, na mitologia grega, a deusa da civilização, da sabedoria, da estratégia em batalha, das artes, da justiça e da habilidade.

Domínios: Artes bélicas, Heroísmo, Conselho, Cerâmica, Tecelagem, Azeitona & Azeite.
Animais: Mocho-galego, Coruja-buraqueira, Corvo, Cobra.
Plantas: Oliveira.
Símbolos: Elmo grego, Égide (armadura de pele de cabra), Lança.

Hades, Temível Senhor do Submundo.


Hades (em grego antigo: Ἅιδης ou Άͅδης, transl. Haides ou Hades ), na mitologia grega, é o deus do mundo inferior e dos mortos.

Domínios: Rei do submundo, dos Mortos, Morte

Animais: Megascops (Coruja-do-mato), Carneiros negros e Touros.

Plantas: Asfódelo, Menta, Álamo-branco, Narciso, Cipreste

Símbolos: Cornucópia, Bastão com ponta de pássaro (ou bidentado), Elmo da Invisibilidade, duas lanças dentadas.

Ofertas: Não recebe sacrifícios. [Faça ofertas ctônicas, como libações do tipo khoe, onde se verte todo o líquido no chão.]

Personificação da Morte Tânatos

 
Na mitologia grega, Tânatos em grego: θάνατος "Thánatos" é a personificação da morte, enquanto Hades reinava sobre os mortos no mundo inferior.

É conhecido por ter o coração de ferro e as entranhas de bronze.

Hipnos e Tânatos.

Tânatos é filho, sem pai, de Nix, a noite, filha do Caos; ou, segundo outras versões, filho de Nix e Érebo, a noite eterna do Hades. Tânatos é a personificação da morte, que nascido em 21 de agosto, tinha essa data como o dia preferido para arrebatar as vidas, enquanto Hipno é a personificação do sono. Os irmãos gêmeos habitavam os Campos Elísios (País de Hades, o lugar do mundo subterrâneo).

Segundo Homero, o deus Hipnos vivia em Lemmos e casou-se com Grácia Paitea que lhe fora concedida por Hera, em troca de seus serviços realizados. Hipno é representado em foma humana e se transforma em ave antes de dormir. Também aparece representado na imagem de um jovem com asas que toca uma flauta cuja melodia faz os homens dormir e ao se locomover, deixa atrás de si, um rastro de névoa. Tânatos é representado por uma nuvem prateada que arrebatava a vida dos mortais.
Também foi representado por homem de cabelos e olhos prateados. Seu papel na mitologia grega é acompanhado por Hades, o deus do mundo inferior. Tânatos é um personagem que aparece em inúmeros mitos e lendas, assim como aparece na história de Sísifo e do rei Midas, que por serem as mais importantes se dispersaram com maior facilidade.

Tânatos na história de Sísifo.

Sísifo despertou a raiva de Zeus, pois Zeus havia-se transformado em águia e sobrevoado o reino de Sísifo com Egina, filha de Asopo, depois quando Asopo perguntou a Sísifo se havia visto Egina, ele contou em troca de uma fonte de água. Então Zeus enviou Tânatos para levá-lo ao Hades. Porém Sísifo conseguiu enganar Tânatos, elogiou sua beleza e pediu-lhe para deixá-lo enfeitar seu pescoço com um colar, o colar, na verdade, era uma coleira, com a qual Sísifo manteve a morte aprisionada ao mesmo tempo evitando que qualquer outra pessoa ou ser vivo morresse. Desta vez Sísifo arranjou encrenca com Hades, o deus dos mortos, e com Ares, o deus da guerra, que precisava da morte para consumar as batalhas.

Tão logo teve conhecimento, Hades libertou Tânatos e ordenou-lhe que trouxesse Sísifo imediatamente para as mansões da morte. Quando Sísifo se despediu de sua mulher, teve o cuidado de pedir secretamente que ela não enterrasse seu corpo.

Já no inferno, Sísifo reclamou com Hades da falta de respeito de sua esposa em não o enterrar. Então suplicou por mais um dia de prazo, para se vingar da mulher ingrata e cumprir os rituais fúnebres. Hades lhe concedeu o pedido. Sísifo então retomou seu corpo e fugiu com a esposa. Havia enganado a Morte pela segunda vez

Tânatos na lenda de Admeto

Conta-se que o rei Admeto recebe em seu palácio o herói Héracles. Alceste, esposa de Admeto, estava morrendo e então Tânatos é enviado para pegar a alma de Alceste, mas Héracles o expulsa de lá.

Do ponto de vista simbólico, Tânatos é o aspecto perecível e destruidor da vida. Como índice do que desaparece na evolução fatal das coisas, a Morte prende-se à simbólica da Terra. Divindade que introduz as almas nos mundos desconhecidos das trevas dos Infernos ou nas luzes do Paraíso, patenteia sua ambivalência, como a Revelação e Introdução, toda e qualquer iniciação passa por uma neste sentido, Tânatos contém um valor psicológico: extirpa as forças negativas e regressivas, ao mesmo tempo em que libera e desperta as energias espirituais. Filho da Noite e irmão de Hipno, o Sono, possui como sua mãe e irmã o poder de regenerar. Quando se abate sobre um ser, se este orientou sua vida apenas num sentido material, animalesco, a Morte o lançará nas trevas; se, pelo contrário, deixou-se guiar pela bússola do espírito, ela mesma lhe abrirá as cortinas que conduzem aos campos da luz. Não há dúvida de que em todos os níveis da vida humana coexistem a morte e a vida, ou seja, uma tensão entre forças contrárias, mas Tânatos pode ser a condição de ultrapassagem de um nível para um outro nível superior. Libertadora dos sofrimentos e preocupações, a Morte não é um fim em si; ela pode abrir as portas para o reino do espírito, para a vida verdadeira: mors ianua uitae, a morte é a porta da vida.

Em sentido esotérico, Tânatos simboliza a transformação profunda que experimenta o homem pelo efeito da iniciação: "o profano deve morrer, a fim de renascer para uma vida superior que lhe confere a iniciação. Se não se morre para o estado de imperfeição, não há como progredir na iniciação".

Na iconografia antiga, Tânatos é representado por um túmulo, uma personagem armada com uma foice, um gênio alado, dois jovens, um preto, outro branco, um esqueleto, um cavaleiro, uma dança macabra, uma serpente, um animal psicopompo, como o cavalo, o cão...

O simbolismo geral da Morte aparece ainda no décimo terceiro arcano maior do Tarô, arcano não tem nome, como se o treze já lhe conferisse identidade definitiva ou se temesse nomeá-lo. Na antiguidade, realmente, o número treze possuía uma conotação maléfica, perigosa, simbolizando "o curso cíclico da atividade humana... a passagem a um outro estado, quer dizer, a morte".

Para o lúcido Mircea Eliade, a Morte é, muitas vezes, o resultado trágico de nossa indiferença diante da imortalidade. Há de chegar, porém, o dia em que, com nosso corpo mortal, revestido da imortalidade, poderemos olhar a morte de frente e perguntar-lhe triunfantes: ubi est, mors, uictoria tuae? "Onde está, ó morte, a tua vitoria?".

Hino Órfico 86
Á Morte (Thanatos), com fumigação de maná:

Ouça-me, ó Morte (Thanatos), cujo império sem fim se estende a todos os tipos de tribos mortais.
De ti depende a porção do nosso tempo, cuja ausência prolonga a vida, cuja presença a termina.
Teu sono perpétuo irrompe os vívidos envoltórios nos quais a alma, atraindo corpos, detém:
És comum a todos, de cada sexo e idade, pois nada escapa a tua ira que tudo destrói;
Nem a própria juventude tua clemência pode ganhar, vigorosa e forte, pois tu prematuramente a extermina.
Em ti, o fim dos trabalhos da natureza é conhecido, em ti, todo o julgamento é absolvido sozinho:
Nenhum suplicante controla tua terrível ira, nenhum voto revoga o propósito de tua alma;
Ó abençoado poder, considera minha prece ardente, e a vida humana a uma idade abundante alivie.
(tradução da Alexandra)

Fonte:
Helenos
Templo de Apolo
Wikipédia

Lendas sobre Neko-mata, ‘o gato monstro de cauda bifurcada’


Quase todos os países têm algum tipo de superstição referente a animais e, no Japão, não poderia ser diferente, pois trata-se do país mais supersticioso do mundo.

Sabemos que no folclore japonês há lendas sobre vários animais, que incluem raposas, cachorros, serpentes, texugos, pássaros e tantos outros animais. Não é raro ver nessas lendas animais dóceis transformar-se em temíveis monstros, portanto, o gato, um dos mais populares bichinhos de estimação, não poderia ficar de fora desse contexto.

A barca solar de Rá.


Quando as primeiras manchas do crepúsculo tingem o horizonte egípcio, Rá, suprema divindade solar, depois de haver atravessado o universo em sua faiscante barca, prepara-se para ingressar no Amanti, o noturno reino subterrâneo. Lentamente, a embarcação ruma para boca de Nut, a deusa dos céus, sob o impulso que lhe imprimem os remadores de braços lustrosos de essências balsâmicas e revigorantes. Postado na proa da barca está Seth, um dos filhos de Geb, o deus da terra, e da deusa Nut. Apesar de seu caráter duvidoso, Seth recebeu essa incumbência como prêmio de consolação de seu eterno rival. Enquanto isso, Rá, de pé e em meio aos remadores, dá as últimas recomendações a seus comandados. — Que a ninguém falte o vigor nos braços, sob pena de minha sagrada ira! — exclama o deus solar, cujo grande olho místico a tudo acompanha atentamente. O coruscante disco vermelho que brilhou o dia todo acima de sua cabeça vai, aos poucos, perdendo o brilho, à medida que as Doze Portas da Noite se aproximam. A cabeça de Rá abandona, aos poucos, sua antiga forma de falcão para ir adquirindo a de um carneiro de grandes chifres anelados, enquanto a barca ingressa nas águas escuras e revoltas do Amanti. Já se divisa, agora, o primeiro dos doze grandes portões que o deus deverá solenemente atravessar. — Vamos, remem! — repete o sagrado Rá, com uma voz meio caprina.

Adoração à Lua.



“Se eu contemplasse o Sol quando ele brilhava, ou a Lua surgindo em seu esplendor; meu coração sentindo-se secretamente seduzido, ou se minha boca tivesse beijado minha mão, isso também seria uma iniquidade a ser castigada pelo juiz: porque eu teria renegado o Deus que está nas alturas.”

Essas palavras do livro de Jó, considerado o livro mais antigo da Bíblia, testemunham a antiguidade da adoração da Lua. Além disso, elas (as palavras) são provas da sedução da Lua e do temor de causar a ira do ciúmes de Yahweh ao conduzirem o antigo rito de saudá-la.

Magia Natural - Água.




A água vem nos fascinando por séculos. É uma necessidade vital para a vida, menos importante apenas que o ar, e esta dependência a torna sagrada. A água nos sustenta; portanto, os povos antigos viam-na como divina.

A magia da Água celebra sua natureza misteriosa e geradora de vida por meio de uma variedade de adivinhações, encantamentos e rituais. Eis aqui alguns deles.

Magia natural - Terra.




Este é o elemento com o qual estamos mais à vontade, pois é nossa morada. Terra não representa necessariamente a Terra física, mas sua porção estável, sólida, segura.

A Terra é o alicerce dos elementos, a base. É nesse plano que a maioria de nós passa boa parte de nossas vidas. Quando caminhamos, sentamos, nos erguemos, rastejamos, comemos, dormimos, trabalhamos, cuidamos de nossas plantas, conferimos nossos orçamentos ou ingerimos sal, estamos trabalhando dentro do elemento da Terra.

Magia natural - Fogo.




O fogo é o elemento da mudança, desejo e paixão. De certa forma, contém dentro dele todas as formas de magia, pois a magia é um processo de mudança.

A magia de Fogo pode ser assustadora. Os resultados se manifestam rápida e espetacularmente. Não é um elemento para os de pulso fraco. Entretanto, é o mais básico e, por isso, muito utilizado.

Magia natural - Ar.



O Ar é o elemento do intelecto; é o domínio do pensamento, que constitui o primeiro passo para a criação.



Em termos de magia, o ar é a visualização clara, límpida e pura, a qual é um poderoso instrumento de mudança. É também movimento, o ímpeto que envia a visualização ao encontro da manifestação.

Rege os encantamentos e rituais envolvendo viagens, instrução, liberdade, obtenção de conhecimento, descoberta de itens perdidos, revelação de mentiras e coisas do gênero.

Os ventos e a bruxaria.



Durante séculos os povos acreditavam que existia quatro tipos básicos de ventos, que correspondiam aos quatros cantos da terra. São eles o vento norte, sul, leste e oeste. Cada um retentor de suas próprias propriedades mágicas, fazendo com que certos encantos fossem mais eficazes se praticados em determinado vento.

As Fúrias.



As erínias em grego: Ἐρīνύς, na mitologia grega, eram personificações da vingança. Enquanto Nêmesis (deusa da vingança) punia os deuses, as erínias puniam os mortais. Eram Tisífone (Castigo), Megera (Rancor) e Alecto (Inominável). Na mitologia romana, eram chamadas fúrias – Furiæ ou Diræ.

Viviam nas profundezas do Tártaro, onde torturavam as almas pecadoras julgadas por Hades e Perséfone, seus pais. Outra versão afirma que nasceram das gotas do sangue que caíram sobre Gaia quando o deus Urano foi castrado por Cronos. Pavorosas, possuíam asas de morcego e cabelo de serpente.

A Palavra.



Sabe-se o lugar que ocupa na ciência atual o estudo das vibrações; este estudo, porém, tem sido encaminhado quase que exclusivamente para o domínio dos fenômenos físicos e até agora soa as formosas concepções de Camillo Flammarion tem atraído a atenção para os resultados físicos que se podem obter destes estudos. Ora, a ciência oculta ensina que toda a vibração do plano físico determina mudanças de estados particulares no plano astral e no plano psíquico; o conhecimento desta afirmação permite saber até que ponto é certo e considerável o influxo que exerce o verbo humano sobre todos os planos da natureza.

História de Prometeu



Jápeto desposou Clímene de belos tornozelos
virgem Oceanína e entraram no mesmo leito.
Ela gerou o filho Atlas de violento ânimo,
pariu o sobreglorioso Menécio e Prometeu
astuto de iriado pensar e o sem-acerto Epimeteu
que foi um mal dês o começo aos homens come-pão,
pois primeiro aceitou de Zeus moldada a mulher
virgem. Ao soberbo Menécio, Zeus longividente
lançou-o Érebos abaixo golpeando com fúmeo raio
por sua estultícia e bravura bem-armada.
Atlas sustém o amplo céu sob cruel coerção
nos confins da Terra ante as Hespérides cantoras,
de pé, com a cabeça e infatigáveis braços:
este destino o sábio Zeus atribuiu-lhe.
E prendeu com infrágeis peias Prometeu astuciador,
cadeias dolorosas passadas ao meio duma coluna,
e sobre ele incitou uma águia de longas asas,
ela comia o fígado imortal, ele crescia à noite
todo igual o comera de dia a ave de longas asas.
O filho de Alcmena de belos tornozelos valente
Heracles matou-a, da maligna doença defendeu
o filho de Jápeto e libertou-o dos tormentos,
não discordando Zeus Olímpio o sublime soberano
para que de Heracles Tebano fosse a glória
maior que antes sobre a terra multinutriz.
Reverente ele honrou ao insigne filho,
apesar da cólera pôs fim ao rancor que retinha
de quem desafiou os desígnios do pujante Cronida.

Gatos e a Bruxaria.


Os gatos, em especial o gato preto, é uma criatura mística em muitas crenças populares. Por um lado, devemos muito ás artes por esta popularidade felina na cultura pagã antiga, uma vez que se observarmos com cautela, é quase impossível de se encontrar uma representação da casa de uma bruxa sem um Baudron ou um Grimakin, com seus instintos astuto, próximos ao fogo, observando tudo a sua volta com olhos brilhantes em alerta.

No entanto, o mais provável é que esta tradição fora herdada do Antigo Egito, onde eles eram cultuados como animais sagrados, os animais da Deusa Bast,onde sua cidade Bubastis era sagrada; lá e em outros vários lugares do Egito foram encontrados milhares de gatos cuidadosamente mumificados e enterrados. O museu britânico possui uma vasta coleção de belas relíquias sobre o culto dos gatos no Antigo Egito, especialmente os sarcófagos, ou estatuas de tamanho e formas reais de gatos, onde eram depositados os restos mortais dos animais doentes.

Alástôr, Punição.



Na mitologia grega, Alástôr (em grego Ἀλάστωρ, “vingador”) era um Daímôn, filho de Nýx, a personificação da punição contra a descendência daqueles que cometeram crimes contra a família. Companheiro das Erinýes, as vingativas Daímones das profundezas do Tártaros.

Alástôr também foi um epíteto de Zeús, de acordo com Hesykhios de Alexandria e a obra Etymologicum Magnum, que o descreveu como o deus dos maus atos: específicamente, relacionados com o derramamento de sangue familiar. Como a personificação de uma maldição, é também um epíteto das Erinýes.

O nome também é utilizado pelos escritores, especialmente os trágicos, para designar a qualquer divindade dos erros cometidos pelos homens: em Eléktra, por exemplo, Oreistês questiona a um oráculo que lhe exorta a matar a sua mãe, e se pergunta si o oráculo não seria de Apóllôn ou senão de algum alástôr malicioso.

“CORO. Oh Daímôn [Alástôr], que te lanças sobre este palácio e sobre os dois Tantalídes [Agamémnôn e Meneláos], e afirmas a força, desoladora de meu coração, de duas mulheres de iguais sentimentos'! Posto em cima do cadáver, na forma de corvo inimigo, se vangloria de cantar, segundo o rito, um hýmnos triunfal.

KLYTAIMNÉSTRA. Agora hás retificado a sentença de teus lábios, invocando ao gênio que três vezes se saciastes desta família. É ele que alimenta nas entranhas este desejo de lamber sangue, e antes que cesse o mal antigo se declara um novo abscesso .

CORO. Si, grande, grande é para esta casa e de pesada cólera o Daímôn [Alástôr] que recordas. Ai, ai, doloroso recordo insaciável de destino calamitoso! Ai, ai, pela vontade de Zeús, causa de tudo e que tudo cumpre! Pois que coisa para os mortais termina sem Zeús? Qual destes acontecimentos não é obra de um deus?

Ai, ai, rei meu, rei meu! Como chorar-te? Que posso dizer-te do fundo de meu coração? Jazes nesta teia de aranha, exalando a vida com morte ímpia, ai de mim!, domado neste leito ignominioso por morte traidora, sob a arma de dois fios manejada por mão de mulher.

KLYTAIMNÉSTRA. Asseguras que isto é obra minha: não consideres que sou a esposa de Agamémnôn. Tomando a forma da mulher deste morto, o antigo, amargo Alástôr de Atreús, cruel anfitrião, o ofereceu em pagamento, sacrificando um adulto em vingança por uns meninos.

CORO. Tu inocente deste crimen! Quem dará testemunho? Como, como Alástôr dos pais poderia ser teu cúmplice? Usando de violência, entre arroios de sangue fraterno, o negro Árês avança até o lugar no qual fará justiça pelo coalho de sangue de uns meninos devorados.” – Aiskhýlos, Agamêmnon 1.468.

“CORO. Um ultraje que em lugar de outro ultraje, e é difícil decidir-se entre eles. Quem despoja é despojado e o que mata paga sua dívida. Enquanto Zeús permaneça em seu trono, subsiste: «que o culpado pague», é a lei sagrada. Quem poderia lançar da casa ao germe maldito? A raça está soldada na calamidade.

CLITEMNESTRA. Hás regado com verdade a este oráculo. Pois bem; eu quero, concluindo um pacto com o Daímôn [Alástôr] dos Pleisthenídes, sofrer esta situação por mais dura que seja; mas, para o futuro, que saindo desta casa abrume a outra família com mortes intestinas. Basta-me, em absoluto, ter uma parte dos bens, se posso retirar do palácio a loucura de recíprocas matanças.” – Aiskhýlos, Agamêmnon 1.560.

As Androktasíai, senhoras dos Homicídios.



Na mitologia grega as Androktasíai (em grego Ανδροκτασίαι, “massacres”) eram as Daímones que personificavam as matanças e os homicídios ocorridos durante as guerras, diferentes das Phonoí, os assassinatos que ocorrem fora do campo de batalha.

Segundo Hesíodo em sua Theogonía, eram filhas de Éris, a discórdia, que as gerou por si mesma, junto com uma multidão de Daímones Kakoí que vivem nas profundezas subterrâneas. Com estes, e com as Kéres, com as quais se parecem muito, podiam acudir aos campos de batalha.

Átê, Senhora da Fatalidade.


Na mitologia grega, Átê (em grego Ἄτη e em latim Nephas, “ruína”, “insensatez”, “engano”), era a Daímôn da fatalidade, a personificação das ações irreflexivas e suas conseqüências. Tipicamente se fazia referência aos erros cometidos tanto por mortais como por deuses, normalmente devido a sua Hýbris ou excesso de orgulho, que lhes levavam a perdição ou a morte.
Na Ilíada, Hómêros diz que Átê é a filha mais velha de Zeús, sem mencionar mãe alguma. Instigada por Héra, usou sua influência sobre Zeús para que este jurasse que no dia que nascesse um mortal descendente seu, este seria um grande governante. Héra imediatamente atrasou o nascimento de Heraklés e provocou o de Eurystheús prematuramente, conseguindo assim com que este obtivesse o poder destinado ao primeiro. Encolerizado, Zeús arremessou a Átê a terra para sempre, proibindo que voltasse ao céu ou ao Ólympos. Átê vagou então pelo mundo, pisando as cabeças dos homens em lugar da terra, provocando o caos entre os mortais.

Também na Ilíada Phoínix se refere à Átê, ao falar a Akhilleús: “esta é robusta, de pés ligeiros e por isso mesmo se adianta, e percorrendo a terra, ofende aos homens”. Diz também que é importante entregar a Átê oferendas, que a previnem e a afastam.
Em sua Theogonía, Hesíodos afirma que a mãe de Átê é Éris, a discórdia, mas não menciona a nenhum pai. Alguns autores, portanto, a consideram como filha de Zeús com Éris.

As Litaí (“orações”) eram espíritos que iam atrás dela suplicantes, mas Átê era rápida e as deixava muito atrás.
Apollódôros, afirma que quando foi arremessada por Zeús, Átê caiu em uma montanha da Phrygía, que foi batizada com seu nome. Mais tarde Iló, perseguindo uma vaca, fundou ali a cidade de Ilión, isto é, Troía.

Nas Dionysiakás de Nónnos, Héra incita a Átê para persuadir a Ámpelos, um jovem a quem Diónysos amava apaixonadamente, para que este impressionasse ao deus cavalgando um touro. Ámpelos acabou por cair do mesmo, quebrando o pescoço, sendo então transformado em uma videira.

Nas obras de escritores clássicos Átê aparece sobre uma luz diferente: vinga os atos malvados e inflige justos castigos aos delinqüentes e sua posteridade, de tal forma que sua personalidade é quase a mesma que a de Némesis e as Erinýes.

Aparece com maior protagonismo nos dramas de Aiskhýlos, e com menor relevância nos de Eurípidês, onde a idéia de Díkê, a justiça, está mais completamente desenvolvida.

Na obra Julio César, Shakespeare apresenta Átê como uma invocação da vingança e da ameaça. Marco Antônio, lamentando o assassinato de César, imagina ao “espírito de César, pedindo vingança, com Átê a seu lado chegava ardendo do Inferno, gritava nestes confins com voz de monarca “Caos!” e soltará os cães da guerra...”.

Anteu.


Anteu era filho de Posêidon e de Gaia, ou seja, a Terra. Ele era gigante, assim como seu irmão Polifemo, mas tinha dois olhos. Anteu que tinha força descomunal, fizera o propósito de construir um templo a Posêidon com crânios de seres humanos. Por isso ele era o terror dos que passavam pelo deserto da Líbia.
Ninguém, por mais forte que fosse, conseguia vencê-lo, pois Anteu sempre recorria á ajuda de sua mãe, a Terra. O simples fato de seus pés tocarem o chão fazia com que suas forças se renovassem sempre, o que o tornava incansável e invulnerável.

Certa vez, Héracles resolveu medir forças com ele. Anteu já se vangloriava de ter conseguido uma nova vítima. No entanto, o adversário era mais difícil que ele imaginava. Anteu foi derrubado três vezes, e três vezes se levantou recuperado, ainda com maior força e disposição. Finalmente, Héracles descobriu o segredo do adversário. Então pegou o gigante pela cintura e o ergueu. Mantendo-o longe do chão, apertou-o contra o peito. Sem poder respirar nem tocar a terra, sua mãe, o gigante morreu sufocado.

Fonte: Les plus belles légendes de la mythologie.

KITSUNE – RAPOSA (狐)


Kitsune significa “raposa” em japonês. A palavra, no entanto, é uma onomatopeia do “kitsu”, que significa “o ganido da raposa”, e acabou tornando-se o nome do animal em tempos antigos. Hoje em dia, os japoneses usam “kon-kon” ou “gon-gon” para designar a raposa, já que a onomatopeia “kitsu” acabou no desuso.

É dito que, no Japão, sua imagem simboliza inteligência, sabedoria e, de acordo com relatos contidos em várias lendas à seu respeito, são animais com poderes mágicos (místicos), sagrados ou amaldiçoados. A Kitsune é um dos personagens mais populares da mitologia japonesa.

Oyá, Grandiosa Guerreira dos Ventos.



Na Mitologia Yoruba, o nome Oyá (também conhecido como Oiá ou Iansã) provém do rio de mesmo nome na Nigéria, onde seu culto é realizado, atualmente chamado de rio Níger. É uma divindade das águas como Oxum e Iemanjá, mas também é relacionada ao elemento ar, sendo uma das divindades que ao lado de Ayrá e Orixá Afefê controla os ventos. É conhecida também como Iansã.

Costuma ser reverenciada antes de Xangô, como o vento personificado que precede a tempestade. Assim como a Orixá Obá, Oyá também está relacionada ao culto dos mortos, onde recebeu de Xangô a incumbência de guiá-los a um dos nove céus de acordo com suas ações. Para assumir tal cargo recebeu do feiticeiro Oxóssi uma espécie de erukerê especial chamado de Eruexim com o qual estaria protegida dos Eguns. Oyá é a terceira deusa de temperamento mais agressivo, sendo que a primeira é Opará e Obá é a segunda.

A Lasciva dança de Ame no Uzume, a deusa da Chuva.


Ame no Uzume, a gigante deusa da Chuva e a mais espirituosa das deusas sapateava sobre o patamar de uma pedra: com os pés, com o corpo e com a alma. A música brotava de dentro dela, levando-a a mover os pezinhos com destreza e maestria, ora rodopiando o corpo como pião, ora saltando de uma pedra a outra, enquanto seus braços manejavam a tempestade e orquestravam os raios que ela fazia vibrar em volta de si. Os raios esgrimiam ao seu redor os seus espadins recurvos a cada vez que a bailarina erguia o braço ou que uma de suas pernas esquias se erguia dentre longas vestes, já em tiras, porém sem nunca atingi-la.

Fortes gotas de chuva começaram a desabar dos céus. Um cheiro gostoso de chuva, de terra úmida e de mato selvagem se espalhou pelo ar, adentrando as narinas da platéia, que aspirou profundamente o aroma como uma dança nos pulmões, porém sem jamais desviar os olhos vidrados do improvisado palco.

Chang E, e a desterrada beleza da Lua.



A 15 de cada mês do calendário lunar uma Lua límpida e brilhante paira sempre nas alturas celestes da noite transparente. Com uma beleza sentimental e expressiva ela contempla a terra com uma cara sorridente, derramando os seus suaves e diáfanos fulgores sobre esta. Conforme conta a lenda, nessa Lua redonda e luminosa mora a deusa Chang E, a mulher do herói Hou Yi (o arqueiro que derrotou nove sóis). Mas por que passa a deusa uma vida solitária na Lua? A resposta a essa pergunta encontra-se na seguinte e triste historia.

Por ordem do Imperador Celestial, Hou Yi tinha disparado nove setas contra os nove Sois, castigado o demônio das aguas, aprisionado e morto um grande em número de animais e aves selvagens. Assim, com o beneficio que ele trouxe aos seres humanos ganhou a estima e o respeito de todos. O herói que era um incansável viajante, percorreu inúmeras regiões ajudando as populações e tendo sido sempre albergado pelo povo de todos os locais.

Amaterasu (天照大神) e Susanoo (スサノオ)



O Deus SUSA-NO-O NO MIKOTO, que no Xintoísmo significa “Deus do Trovão ou das Tempestades”, é conhecido como “O Varão Impetuoso” e o irmão mais novo da Deusa AMA-TERASU OHO MI KAMI, que no Xintoísmo significa “Deusa do Sol”.

Segundo a mitologia japonesa, os dois são filhos dos Deuses celestiais Izanagi e Izanami, criadores do arquipélago japonês, de uma infinidade de deuses e de todos os seres vivos da terra.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

As Musas

As musas (em grego antigo: Μοῦσα, transl.: Mousa), na mitologia grega, eram entidades a quem era atribuída a capacidade de inspirar a criação artística ou científica. Eram as nove filhas de Mnemosine e Zeus. O templo das musas era o Museion, termo que deu origem à palavra museu nas diversas línguas indo-europeias como local de cultivo e preservação das artes e ciências.

Deméter, Senhora da Agricultura

Deméter ou Demetra (em grego: Δημήτηρ), na mitologia grega, é a deusa da agricultura, uma olímpica, filha de Cronos e Reia. É deusa da terra cultivada, das colheitas e das estações do ano. É propiciadora do trigo, planta símbolo da civilização. Na qualidade de deusa da agricultura, fez várias e longas viagens com Dioniso ensinando os homens a cuidarem da terra e das plantações.

Domínios: Agricultura, Grãos e Pão, Vida após a morte.
Animais: Serpente, Suínos, Lagartixa.
Plantas: Trigo, Cevada, Papoula, Menta.
Cor: Amarelo.
Epítetos: Erinus (Feroz), Kabeiria (Mãe dos cabiros), Karpophoros (Que traz os frutos), Khloe (Verdejante), Khthonia (Terrena), Kidaria, Kourotrophos (Protetora da juventude), Lousia (Terna), Melaina (Negra), Meter (Mãe).

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Hera, a Senhora do Casamento



Hera (em latim: Ἥρα, transl. Hēra ou Ἥρη, transl. Hērē), no mito grego, é a deusa das bodas, da maternidade, do céu e das esposas, equivalente de Juno no mito romano. Irmã e esposa de Zeus, é a rainha dos deuses, e patrona da fidelidade conjugal. Retratada como majestosa e solene, muitas vezes coroada com os polos (uma coroa alta cilíndrica usada por várias deusas), Hera é geralmente representada ostentando na mão uma romã, símbolo da fertilidade, sangue e morte, e substituto das cápsulas da papoula de ópio. A vaca e, posteriormente, o pavão eram seus animais simbólicos principais. Íris era a sua fiel atendente, também mensageira e aia.

Aergía, Senhora da Preguiça

Na mitologia grega Aergía (em grego Αἐργία, “preguiça”) era uma Daímôn, filha de Nýx por si mesma, ou de Aithér e Gaía. Personificava a preguiça e a indolência, habitava junto com Hesykhía, a tranqüilidade, na gruta onde Hýpnos, o sono, dormia. Sua equivalente romana seria Socordia, e seu Daímôn oposto era Hórmês, o esforço. Era representada com rosto sonolento, uma capa de teia de aranhas e junto a rocas quebradas, símbolo de sua aversão pelo trabalho.

"A partir de Aether (Aithér) e Terra (Gaía) [nasceram]: Dolor (Álgos), Dolus (Dólos), Ira (Lýssa), Luctus (Pénthos), Mendacium (Pseúdos), Jusjurandum (Hórkos), Ultio (Poínê), Intemperantia (Manía), Altercatio (Amphilogía), Oblivio (Léthê), Socordia (Aergía), Timor (Deímos), Superbia (Adephagía), Incestum (Hímeros), Pugna (Hysminê)." – Hygínos, Prólogos.

"Nos recessos vazios de uma caverna profunda e rochosa... se estabelecem os corredores do preguiçoso Somnus [Hýpnos] e a sua morada imperturbável. O limite é guardado pela obscura Quies (quietude), a maçante Oblivio [Léthê] e a torpe Ignavia [Aergía] com um semblante sempre sonolento. Otia (facilidade) e Silentia (Silêncio), com as asas dobradas sentam-se mudas no pátio." – Státios, Thebaís 10. 90.

Adikía, Senhora da Injustiça

Na mitologia grega, Adikía (em grego Ἀδικία, “injustiça”) era uma Daímôn, filha de Nýx, por si mesma, a personificação da injustiça e das más ações, era companheira inseparável de Dysnomía, a desordem, e de outros males da humanidade, sua Daímôn oposta era Díkê, a justiça. Ela era descrita como uma horrenda mulher selvagem com o corpo todo tatuado, geralmente sendo derrotada por Díkê que a golpeia com uma clava.

"[Entre as imagens que decoram o cofre de Kypselos dedicado em Olympía:] Uma bela mulher está punir uma feia, sufocando-a com uma mão e com a outra golpeando-a com uma cajado. É Díkê (justiça), que assim, trata Adikía (injustiça)." – Pausanías, Descrição da Grécia 5. 18. 2.

Álgea, Personificação da Dor e do Sofrimento

Na mitologia grega Álgos ou Álgea (em grego Ἄλγος ou Ἄλγεα em latim Dolor ou Dolores) era uma Daímôn ou um grupo de Daímones femininos que personificavam o sofrimento e a dor, tanto física quanto emocional, que traziam aos homens os lamentos e as lágrimas.

As Álgea estavam relacionadas com Oizýs, a Daímôn da miséria, e com Pénthos, o Daímôn da lamentação. Portanto, teriam como opostas as Khárites, a graça, e a Hedonê, o prazer.

Hesíodos, em sua Theogonía, as fazia filhas de Éris, a discórdia, por si mesma, enquanto que Hygínos se refere às Algea como filhas de Aether e Terra. Eram denominadas pelos seguintes nomes:

ÁKHOS, (em grego Ἄχος, “dor física”) era um Daímôn da dor física, a dor do corpo causada pelas doenças, pelos venenos e pelas feridas que podem levar à morte;

ANÍA, (em grego Ἀνία, “dor mental”) era um Daímôn da dor psicológica, a dor da mente causada pelo estresse, os problemas e as aflições da vida;

LÝPÊ, (em grego Λύπη, “dor emocional”) era um Daímôn da dor emocional, a dor do coração causada pelo sofrimento, pela tristeza e pelos problemas da vida sentimental.

Ápatê. Senhor da Malícia.

Na mitologia grega Ápatê (em grego Ἄπατη e em latim Fraus) era um dos Daímones, que personificava a malícia, o engano, o ardil, a fraude e a traição. Era, junto de Átê, a ruína, e de Dólos, a astúcia, a trapaça e as más ações, um dos espíritos que saíram da caixa de Pandóra. Ambos eram filhos de Nýx por si mesma, e faziam parte do grupo dos Pseúdea, as mentiras. Tinha como Daímôn oposta Alétheia, a verdade. Sua equivalente romana era Phraus.

A astuta Ápatê habitava nas colinas próximas a cidade de Arnisos, pois tinha predileção pelos cretenses, famosos trapaceiros. E gostava especialmente de estar próxima da tumba falsa de Zeús que havia na ilha.

Pendendo de seu cinturão, também cretense, estavam todos os truques e artimanhas que usava a humanidade, seus perjúrios, artifícios e trapaças. Em uma ocasião, desejando a deusa Héra vingar-se de seu marido por sua última infidelidade com Semélê, buscou Ápatê até que, uma vez a teve diante de si, e lhe convenceu com agrados e mentiras para que lhe emprestasse seu cinturão. Disse-lhe que o usaria para dissuadir a seu marido de ter mais amantes mortais e trazê-lo de novo ao leito conjugal, como também para propiciar com ele a volta do desterrado Árês ao Ólympos. Convenceu com estes argumentos a Daímôn e, recebendo dela seu cinturão mágico, o usou para incitar Semélê para que pedisse a Zeús que se mostrasse em sua forma natural.

A ingênua mortal assim o fez, e Zeús, que já havia dado sua palavra, lhe apareceu como uma tormenta de raios que a abrasou no mesmo instante. Entristecido por ter dado morte a sua amada, Zeús recolheu o filho que ela, todavia carregava em seu ventre e terminou de gestá-lo em sua coxa. Por isso seria chamado de Deus Dionýsos o nascido duas vezes.

Aporía, a Desamparada

Na mitologia grega, Amekhanía ou Aporía (em grego Ἀμηχανία ou Ἀπορία, “desamparo”, “falta de meios”) era a Daímôn que personificava a impotência, a dificuldade, o desamparo e a falta de meios, sendo, portanto, odiada e marginalizada por todos os homens. Era companheira de Penía, a pobreza, e Ptôkheía, a mendicidade, suas Daímones opostas eram, Oporía, a abundância, Týkhê, a fortuna, e Euthenía, a prosperidade. Acredita-se que seja uma das inúmeras filhas de Nýx por si mesma.

Alalá, o Grito de Guerra


Na mitologia grega, Alalá (em grego Ἀλαλά, de αλαλος, “surdo”) era uma Daímôn que personificava o grito de guerra. Fazia parte do séquito de Árês, o Theós Olýmpios da guerra, cujo grito de guerra era seu nome.

Segundo Píndaros, era filha de Polémos, uma deusa menor da guerra, ás vezes usado como epíteto de Árês, ou da união de Árês com Éris, ou ainda, filha de Éris por si mesma.

"Escuta! Ó Alalá (Grito de Guerra), filha de Polémos (Guerra)! Prelúdio das lanças! Para quem os soldados são sacrificados por causa de sua cidade no santo sacrifício da morte." – Píndaros, Dithýramboi Fragmento 78

As Araí, personificação das Maldições


Na mitologia grega, as Araí (em grego Ἀραί e em latim Arae) eram os Daímones femininos que personificavam as maldições, acredita-se que sejam filhas de Nýx por si mesma, viviam no mundo subterrâneo junto aos outros Daímones. São irmãs e companheiras das Erinýes, mas em geral são indistinguíveis delas. São descritas por Aiskhýlos, em Eumênídes:

Nós Erínyes somos as filhas eternas de Nýx. Somos chamadas de Arai em nossos lares por debaixo da terra".

As Araí, poderiam às vezes ser consideradas apenas como um dos epítetos das Erinýes, as vinganças, assim como, as Maníai, as loucuras, as Poínai, as punições, e as Praxidíkai, as leis exatas

Anaídeia, Senhora da Crueldade

Na mitologia grega, Anaídeia (em grego Ἀναίδεια e em latim Anaidea) era a Daímôn que personificava a crueldade, o despudor, e o imperdoável. Ela é descrita por Pausanías em sua Descrição da Grécia:

As pedras não labradas [no Áreos págos de Athénai] na qual se destacam os acusados e os fiscais, os quais chamam as pedras de Hybreos e de Anaideia.

Acredita-se que seja uma das inúmeras filhas de Nýx por si mesma, ou de Éris. Ela era uma companheira de Hýbris (o orgulho). Seu Daímôn oposto é Éleos (a compaixão).

Amphilogíai, senhoras das Disputas

Na mitologia grega as Amphilogíai (em grego Ἀμφιλογίαι e em latim Altercatio, “disputas”) eram umas Daímones que personificavam os conflitos, as disputas e as contendas realizadas fora dos campos de batalha, na vida cotidiana, suas equivalentes romanas eram Altercatio.

Segundo Hesíodo em sua Theogonía eram filhas de Éris, a discórdia, por si mesma, e irmãs de outros temíveis Daímones Kakoí que vivem nas profundezas subterrâneas. No entanto, Hygínos afirmava que eram filhas de Aether e Terra.

Kháos, Grandioso Ser Primordial

Na mitologia grega, Kháos (em grego Χάος, “vazio”) também chamado de Aêr (em grego Άηρ, “ar”) ou de Anapnoé (em grego Άναπνοή, “respirar”) é a personificação do vazio primordial, anterior à criação, quando a ordem ainda não havia sido imposta aos elementos do mundo.

A natureza divina de Kháos é de difícil entendimento, devido às mudanças que a ideia de Kháos sofreu com o passar das épocas. Inicialmente descrito como o ar que preenchia o espaço entre o Céu e a Terra, mais tarde passou a ser visto como a mistura primordial dos elementos.

Os Lestrigões.


A próxima aventura aconteceu com as tribos bárbaras dos lestrigões. Todos os barcos entraram no porto, atraídos pela paisagem segura da enseada, totalmente protegida por terra, apenas Ulisses ancorou seu barco do lado de fora. Assim que os lestrigões perceberam que os barcos estavam totalmente em seu poder, estes os atacaram, lançando pedras enormes que se despedaçavam, derrubando-os, e com suas lanças atacavam os marinheiros que se debatiam nas águas. Todos os barcos com suas tripulações foram destruídos, com exceção apenas do barco de Ulisses, que havia ficado do lado de fora, e percebendo que não tinham segurança, exceto se fugissem, exortou seus homens para que remassem vigorosamente, e assim conseguiram escapar.

Tomados de pesar pela morte dos companheiros ao mesmo tempo em que se rejubilavam por causa da fuga, eles prosseguiram viagem até que chegaram à ilha Ea, onde morava Circe, a filha do sol. Aí desembarcando, Ulisses subiu uma montanha, e olhando ao redor, não viu nenhum sinal de habitação, com exceção de um local no meio da ilha, onde ele avistou um palácio cercado de árvores. Mandou metade da sua tripulação, sob o comando de Euríloco, para verificar, que chance de serem bem recebidos, eles poderiam ter ali. E a medida que se aproximavam do palácio, foram imediatamente cercados por leões, tigres, e lobos, não ferozes, mas, domados pelos encantos de Circe, pois que era uma poderosa feiticeira.

Todos esses animais anteriormente tinham sido homens, porém, transformados pelos encantamentos de Circe na forma de animais. Tons de música suave eram ouvidos do lado de dentro, e uma voz feminina que cantava. Euríloco chamou em voz alta e a deusa apareceu convidando-os para entrarem, todos entraram felizes com exceção de Euríloco, que desconfiava de algum perigo. A deusa convidou seus hóspedes para que sentassem, e mandou servir para eles vinho e outras guloseimas. Depois que tinham se divertido bastante, ela tocou todos eles, um a um, com sua varinha mágica, e eles foram imediatamente transformados em porcos, com "cabeça, corpo, voz, e cerdas," muito embora conservassem a inteligência de antes. Ela os prendeu em seus chiqueiros e forneceu a eles algumas bolotas, e muitas outras coisas que os suínos adoram.

Euríloco correu rapidamente até o navio e contou o acontecido. Ulisses então, decidiu ir ele mesmo, e tentar de alguma maneira a libertação de seus companheiros. Assim que ele caminhava sozinho, encontrou um jovem que com aspecto familiar, parecendo ser conhecedor de suas aventuras. Ele se apresentou como sendo Mercúrio, e informou a Ulisses a respeito da feitiçaria de Circe, e sobre o perigo de se aproximar dela. Como Ulisses jamais desistiria de seus planos, Mercúrio deu a ele um ramo da planta Moly, com poderes mágicos para resistir à feitiçaria, e ensinou a ele como devia fazer. Ulisses continuou, e chegando ao palácio, foi gentilmente tratado por Circe, que o recebeu como ela havia feito com seus companheiros, e depois que ele tinha comido e bebido, tocou nele com a varinha mágica, dizendo,

"Vai, procura teu chiqueiro e vai chafurdar junto com teus amigos." Mas ele, ao invés de obedecer, sacou da espada e se atirou contra ela com fúria no semblante. Ela caiu de joelhos e pediu misericórdia. Ulisses fez um juramento solene para que ela libertasse seus companheiros e não fizesse mais maldade contra ele, nem contra seus amigos, e ela repetiu o juramento, e ao mesmo tempo, prometeu soltá-los todos em segurança depois de recebê-los com hospitalidade. Ela foi fiel à sua promessa. Os homens retomaram as suas formas, o resto da tripulação que estava na costa foi chamada, e todos foram magnificamente tratados durante vários dias, até que Ulisses parecia ter esquecido sua terra natal, e ter-se conformado com uma vida inglória de facilidades e prazeres.

Pouco a pouco, seus companheiros fizeram com que ele recordasse seus sentimentos mais nobres, tendo ele recebido a advertência com gratidão. Circe ajudou durante a partida, e ensinou a eles como atravessar com segurança a costa das sereias. As sereias eram ninfas do mar, que tinham o poder de encantar, com suas canções todos os que parassem para ouvi-las, de modo que os infelizes marinheiros eram irresistivelmente impelidos a se lançarem ao mar onde acabavam mortos. Circe orientou Ulisses para que ele enchesse os ouvidos de seus marinheiros com cera, para que eles não ouvissem a canção, e para que ele se amarrasse ao mastro do navio, e seus homens fossem estritamente orientados para que de modo algum deveriam soltá-lo, diante de qualquer coisa que ele dissesse ou fizesse, até que tivessem passado a ilha das sereias.

Ulisses obedeceu estas orientações. Ele encheu os ouvidos de seus homens com cera, e permitiu que eles o amarrassem firmemente com cordas ao mastro. Quando eles se aproximaram da ilha das sereias, o mar estava calmo, e acima das águas bailavam as notas musicais tão arrebatadoras e atraentes que Ulisses lutou para se soltar, e gritando e fazendo sinais para os seus homens, ele implorou para que fosse solto, mas eles, obedientes às ordens que haviam recebido, avançaram em sua direção e o amarraram ainda mais forte. Eles mantiveram o curso, e a música ia ficando mais fraca até que não pode mais ser ouvida, quando com alegria Ulisses deu aos seus companheiros o sinal para que seus ouvidos fossem descerrados, e então, eles o soltaram de suas amarras.

A imaginação do poeta, John Keats (1795-1821), revela-nos os pensamentos que passaram pelas mentes das vítimas de Circe, depois que foram transformados. Em seu poema "Endimião" ele representa um deles, um monarca que foi transformado em elefante, dirigindo-se desta maneira à feiticeira em linguagem humana:

"Não reivindico a coroa da felicidade novamente,
Nem minha falange nas planícies,
Nem minha esposa, sozinha e viúva agora,
Nem lamento mais as gotas rosadas da vida,
O carinho de meus adoráveis filhos,
Hei de esquecer tudo isso, todas essas alegrias passarão,
Nada de celestial peço, nem muito alto
Somento peço a morte, como prêmio mais justo,
Do que permanecer nesta situação incômoda,
Nesta prisão rude, detestável e imunda,
E simplesmente entregue ao ar sombrio e gélido.
Tende piedade, oh deusa Circe, ouve minhas súplicas!"
Cila e Caríbdis

Ulisses tinha sido avisado por Circe sobre os dois monstros Cila e Caríbdis. Já encontramos Cila na história de Glauco, e nos lembramos de que ela fora outrora uma jovem donzela e que tinha sido transformada num monstro com corpos de serpente por Circe. Ela habitava uma caverna no alto de um penhasco, de onde ela tinha o hábito de lançar para fora seus longos pescoços (pois ela tinha seis cabeças), e e em cada uma de suas bocas ela pegava um homem da tripulação de cada navio que passasse ao seu alcance. O outro terror, Caríbdis, era um redemoinho, quase ao nível da água. Três vezes por dia a água se lançava num abismo assustador, e por três vezes era expelida. Qualquer barco que se aproximasse do torvelinho durante o avanço da maré era inevitavelmente engolido, nem Netuno poderia evitar essa tragédia.

Ao aproximar-se do refúgio dos monstros assustadores, Ulisses teve de manter estrita vigilância para encontrá-los. O rugido das águas assim que Caríbdis os engoliu, os alertou à distância, mas Cila de modo algum poderia ser descoberta. Enquanto Ulisses e seus homens assistiam com olhos arregalados o terrível redemoinho, eles não conseguiam manter vigilância ao mesmo tempo contra o ataque de Cila, e o monstro, lançando suas cabeças de serpentes, agarrou seis dos seus homens, e, com guinchados estridentes, levou-os até seu esconderijo. Era a cena mais aterradora que Ulisses já tinha assistido, ver seus amigos sacrificados dessa maneira e ouvi-los gritando, sem sequer poder oferecer-lhes alguma ajuda.

Circe também o havia alertado de um outro perigo. Depois de passar por Cila e Caríbdis a próxima terra que ele deveria atravessar era a Trinácria, uma ilha, onde o gado de Hipérion, o deus sol, costumava pastar, vigiado por suas duas filhas Lampécia e Faetusa. Aqueles rebanhos não poderiam ser profanados, quaisquer que fossem as necessidades dos viajantes. Se essa determinação fosse transgredida, a destruição certamente cairia sobre os ofensores.

Ulisses preferiria ter passado a ilha do Sol sem ter de fazer uma parada, mas seus companheiros tanto lhe imploraram por descanso e repouso que seriam auferidos com um dia de ancoragem, passando a noite no litoral, que Ulisses concordou. No entanto, fez com que eles prometessem que não tocariam nenhum dos animais que faziam parte dos rebanhos e manadas sagrados, mas que se contentassem com as provisões que ainda restava daqueles suprimentos que Circe havia colocado a bordo. Enquanto estes suprimentos duraram, as pessoas conseguiram manter o juramento, porém, ventos contrários os detiveram na ilha durante um mês, e após consumirem todo seu estoque de provisões, foram obrigados a contar com os pássaros e peixes que eles conseguiram pegar. A fome começou a oprimi-los, e finalmente um dia, quando Ulisses precisou se ausentar, eles mataram alguns dos gados, e inutilmente tentaram reparar o mal que fizeram, ofertando uma parte do gado às potencialidades injuriadas. Ulisses, ao retornar à costa, ficou horrorizado ao perceber o que seus homens haviam feito, e mais ainda por causa dos indícios agourentos que se seguiram. As peles rastejavam pelo chão, e os pedaços de carne mugiam nos espetos enquanto eram assados.

O vento se tornou favorável e eles partiram da ilha. Eles não haviam se distanciado muito quando o tempo mudou, e uma tempestade com trovões e relâmpagos se iniciou. Um relâmpago explodiu no ar quebrando o mastro, o qual, com a sua queda matou o piloto. De repente o próprio navio ficou totalmente destruído. A quilha e o mastro flutuavam lado a lado, Ulisses fez com eles uma jangada, onde ele se agarrou, e, com a mudança do vento, as ondas o levaram à ilha de Calipso. Todo o resto da tripulação pereceu.

A alusão seguinte aos tópicos que acabamos de considerar são encontradas no poema "Comus" de John Milton, linha 252:

"... Vi muitas vezes
Minha mãe Circe e as três Sereias,
Entre as Naiades, com suas saias floridas
Colhendo ervas potentes e drogas venenosas,
Que, a medida que cantavam, levavam a alma prisioneira
Envolvendo-a no Elísio. Cila chorava,
E esbravejando suas ondas, que rugiam com ponderação,
Enquanto Caríbdis sucumbe ao suave aplauso de um murmúrio."

Cila e Caríbdis ficaram muito conhecidos, quando simbolizam perigos opostos que afligem o destino de alguém.

Calipso

Calipso era uma ninfa do mar, cujo nome diz respeito a inúmeras classes de divindades femininas de nível mais baixo, embora compartilhem muitos dos atributos dos deuses. Calipso tratou Ulisses com hospitalidade, recebeu-o com magnificência, apaixonou-se por ele, e desejou retê-lo para sempre, conferindo-lhe imortalidade. Mas ele persistia em sua decisão de voltar para o seu país, sua esposa e seu filho. Calipso finalmente recebeu ordens de Jove para libertá-lo. Mercúrio trouxe a mensagem para ela, encontrando-a em sua gruta, que é assim descrita por Homero:

"Uma videira de jardim, luxuriante por todos os lados,
Cobria a espaçosa caverna, com cachos pendurados
Em profusão, quatro fontes da linfa mais serena,
O curso sinuoso segue lado a lado,
Dispersando-se por todos os lados e surgindo por toda parte
Pradarias com a verdura mais suave, coroada de púrpura
Uma paisagem repleta de violetas
Um deus dos céus cheio de maravilha e deleite."
Odisseu e Calipso

Calipso, com muita relutância, decidiu obedecer às ordens de Júpiter. Ela forneceu a Ulisses os meios de construir uma jangada, deu-lhe as provisões que ele precisava, além de ventos favoráveis. Durante muitos dias fez a sua viagem com relativa tranquilidade, até que finalmente, ao avistar terra, uma tempestade o visitou quebrando o mastro, e ameaçando fazer em pedaços a jangada. Nesse clima de desespero, ele foi avistado por uma piedosa ninfa do mar, que na forma de um cormorão pousou em sua jangada, e o presenteou com um cinto, e orientava-o para que o prendesse ao peito, pois se ele tivesse que se atirar nas ondas, o cinto o faria flutuar e permitira que ele fosse nadando até a praia.

François Fénelon (1651-1715), em seu romance "As Aventuras de Telêmaco" relata-nos as aventuras do filho de Ulisses à procura de seu pai. Dentre os inúmeros lugares a que ele chegou, seguindo as pegadas de seu pai, estava a ilha de Calipso, e, como no caso anterior, a deusa tentou todo tipo de magia para mantê-lo na ilha, chegando até a oferecer-lhe a imortalidade ao lado dela. Mas Minerva, que na forma de Mentor[4] acompanhava o jovem, governando-lhe todos os seus movimentos, fez com que ele rejeitasse todos os seus encantos, e quando ele não encontrou mais maneiras de escapar, os dois amigos saltaram de um despenhadeiro para o mar, e nadaram até um barco que os estava esperando à beira da praia. Byron alude a este salto de Telêmaco e Mentor na estrofe seguinte:

"Porém, não em silêncio atravessam as ilhas de Calipso,
As irmãs detentoras da média profundidade,
Ali perto, um porto sorri para os cansados nadadores,
Embora a bela deusa há muito deixara de chorar,
Do alto de seu penhasco, mantendo inútil vigilância
Sobre aquele que preferiu uma noiva mortal.
Nesse mesmo lugar seu filho ensaiou o terrível salto,
O sisudo Mentor olhou do alto a maré lá embaixo,
Enquanto os dois, suspirando duplamente, davam adeus à rainha das ninfas."

Fonte: O Livro da Mitologia de Thomas Bulfinch.

O Salgueiro.

Não há desmerecimento às outras árvores quando o salgueiro é referido como sagrado, pois a árvore carrega este título desde tempos lo...