sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Pan Gu, o criador do universo

Muitos, muitos anos atrás, antes do princípio do céu, da terra e da humanidade, o Universo constituía uma massa negra que se assemelhava a um grande ovo dentro do gual se encontrava em crescimento e dormia a sono solto um gigantesco embrião chamado Pan Gu.

Passados cerca de 18 mil anos, Pan Gu começou a acordar. Quando finalmente abriu os olhos e se pôs a olhar em volta descobriu que tudo era tão negro que não conseguia distinguir nada. Isso o aborreceu muito, tanto que, acabando por ficar enraivecido, abriu a palma de sua enorme mão e brandindo seu colossal braço, desferiu um golpe violento na confusão negra que o rodeava.


Craque! O imenso ovo estalou com um colossal estrondo fragmentando-se a negritude que se encontrava estática e condensada nele dede há centenas de milhares de anos. Na sucessão deste acontecimento os elementos que eram mais leves subiram lentamente para as alturas e dispersaram-se gradualmente acabando se por transformar no azul do céu, enquanto que os mais pesados e turvos desceram vagarosamente para as profundesas transformando-se na terra. De pé, entre o céu e a terra, Pan Gu respirou então profundamente sentindo se agora muito a vontade e satisfeito.

O céu e a Terra estavam finalmente separados, contudo, Pan Gu tendo receio que eles viessem a se juntar de novo, resolveu sustentar o céu com seus braços levantados calcando firmemente a terra com seus pés. Entretanto, o corpo de Pan Gu crescia tão rapidamente que atingia a média de três metros por dia, o céu e a terra distanciavam-se assim quotidianamente em cerca de três metros. Passados 18 mil anos o céu tinha atingido colossais alturas e a terra tinha se tornado extremamente compacta. Entretanto, por mais estranho que possa parecer, Pan Gu tinha crescido descumunalmente. Mas afinal qual era agora a altura de Pan Gu? Dizia-se que tinha ultrapassado os 45 mil quilômetros. Tinha se realmente transformado num extraordinário giganteque tocava os céus com a cabeça e tinha os pés firmemente assentes na terrra.

Fora justamente pela força divina de Pan Gu que o céu e a terra foram criados e agora era devido à sua interposição, que estes se mantinham separados, não havendo jamais perigo de se juntarem de novo. Se bem que a original confusão negra se tivesse completamente desintegrado e não fosse mais do que uma memória do passado, Pan Gu tinha ficado tão exausto na sua grandiosa obra de criação que não tardou a morrer de cansaço.

Após a criação do céu e da terra Pan Gu tinha imaginado poder vir a criar um brilhante e esplendoroso mundo sobre o qual pairasse o sol e a lua, revestido por montanhas, rios e toda uma variedade coisas, habitados pelos homens e demais seres vivos. Infelizmente devido a sua morte prematura, não pode vir a tornar-se realidade esse seu grandioso plano, mas antes de dar seu último suspiro, ainda teve alento para metamorfosear partes do seu corpo moribundo.

O seu hálito se transformou em brisa, nas nuvens e nos nevoeiros do céu e a sua voz estrondos dos trovões.

O seu olho esquerdo se transformou no céu resplandecente que ilumina a terra, seu olho direito na lua brilhante, e os seus cabelos e bigodes na miríade de estrelas do firmamento.

Seus quatro membros e tronco transformaram-se em cinco maciças montanhas - quatro perdendo-se nas extremidades de Leste, Oeste, Sul e Norte do planeta situado no centro do universo.

O seu sangue transformou-se em impiedosos rios que passaram a sulcar a crosta terrestre e os seus tendões em caminhos que se intercomunicam todos os pontos do globo.

Os seus músculos se transformaram nas terras férteis, e os seus dentes, ossos e tutano, respectivamente em pérolas, jade e inesgotáveis recursos minerais subterrâneos.

Os pêlos de seu corpo se transformaram na relca e nas árvores que abundam disseminadas por todo o mundo e o seu sur na chuva e na garoa que são alimento de todas as plantas.

Em resumo, se bem que a criação do universo se devesse integralmente aos esforços e ao espírito de abnegação do gigante Pan Gu, a maravilhosa variedade, exuberante riqueza e ínfima beleza deste mundo são produtos de seu corpo.

Conta-se ainda que a raça humana gerou-se a partir da sublimação da alma do gigante, o que significa serem todos os seres humanos descendentes de um antepassado comum: Pan Gu.

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