sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Átê, Senhora da Fatalidade.


Na mitologia grega, Átê (em grego Ἄτη e em latim Nephas, “ruína”, “insensatez”, “engano”), era a Daímôn da fatalidade, a personificação das ações irreflexivas e suas conseqüências. Tipicamente se fazia referência aos erros cometidos tanto por mortais como por deuses, normalmente devido a sua Hýbris ou excesso de orgulho, que lhes levavam a perdição ou a morte.
Na Ilíada, Hómêros diz que Átê é a filha mais velha de Zeús, sem mencionar mãe alguma. Instigada por Héra, usou sua influência sobre Zeús para que este jurasse que no dia que nascesse um mortal descendente seu, este seria um grande governante. Héra imediatamente atrasou o nascimento de Heraklés e provocou o de Eurystheús prematuramente, conseguindo assim com que este obtivesse o poder destinado ao primeiro. Encolerizado, Zeús arremessou a Átê a terra para sempre, proibindo que voltasse ao céu ou ao Ólympos. Átê vagou então pelo mundo, pisando as cabeças dos homens em lugar da terra, provocando o caos entre os mortais.

Também na Ilíada Phoínix se refere à Átê, ao falar a Akhilleús: “esta é robusta, de pés ligeiros e por isso mesmo se adianta, e percorrendo a terra, ofende aos homens”. Diz também que é importante entregar a Átê oferendas, que a previnem e a afastam.
Em sua Theogonía, Hesíodos afirma que a mãe de Átê é Éris, a discórdia, mas não menciona a nenhum pai. Alguns autores, portanto, a consideram como filha de Zeús com Éris.

As Litaí (“orações”) eram espíritos que iam atrás dela suplicantes, mas Átê era rápida e as deixava muito atrás.
Apollódôros, afirma que quando foi arremessada por Zeús, Átê caiu em uma montanha da Phrygía, que foi batizada com seu nome. Mais tarde Iló, perseguindo uma vaca, fundou ali a cidade de Ilión, isto é, Troía.

Nas Dionysiakás de Nónnos, Héra incita a Átê para persuadir a Ámpelos, um jovem a quem Diónysos amava apaixonadamente, para que este impressionasse ao deus cavalgando um touro. Ámpelos acabou por cair do mesmo, quebrando o pescoço, sendo então transformado em uma videira.

Nas obras de escritores clássicos Átê aparece sobre uma luz diferente: vinga os atos malvados e inflige justos castigos aos delinqüentes e sua posteridade, de tal forma que sua personalidade é quase a mesma que a de Némesis e as Erinýes.

Aparece com maior protagonismo nos dramas de Aiskhýlos, e com menor relevância nos de Eurípidês, onde a idéia de Díkê, a justiça, está mais completamente desenvolvida.

Na obra Julio César, Shakespeare apresenta Átê como uma invocação da vingança e da ameaça. Marco Antônio, lamentando o assassinato de César, imagina ao “espírito de César, pedindo vingança, com Átê a seu lado chegava ardendo do Inferno, gritava nestes confins com voz de monarca “Caos!” e soltará os cães da guerra...”.

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