A lenda de Pan Gu, o criador do universo, conta que após a morte de Pan Gu, o seu espírito deu origem à humanidade. Existe no entanto outra lenda que relata ter sido Nü Wa, uma bondosa e gentil deusa, a criadora da humanidade, tendo também sido ela quem, trabalhando exaustivamente em desafio, remendou o céu que tinha sido destruído - contribuindo assim largamente para a sobrevivência e felicidade da raça humana. Esta história prossegue da seguinte forma:
Após a criação do universo, a deusa Nü Wa encetou longas viagens por todas as partes mais recônditas do firmamento e da terra. No majestoso céu, o sol, a lua e as estrelas competiam em esplendor; no poderoso mundo, altas montanhas, longos rios, luxuriante vegetação, viçosas árvores, alegres animais, cantoras aves, irrequietos peixes, enfim... Tudo, aparentava vigor e pujança. A deusa sentiu-se rejubilante com tudo quanto viu, todavia, sentiu ainda haver algo insuficiente. Sim, era necessário criar um ser mais inteligente que tudo e todos, capaz não só de trabalhar mas também de administrar o mundo. Por mais perfeito que fosse o universo, por maior variedade de espécies vivas que tivesse o mundo, era finalmente essencial criar um elo de ligação entre todas as coisas a ser conseguido através de raça humana.
Dando asas a imaginação criadora, a deusa Nü Wa modelou a sua própria imagem uma série de figurinhas de aspecto humano dando lhes os dons do movimento e da fala.
Satisfeita com sua concpção, a deusa decidiu esmerar-se e prosseguir com o seu trabalho, e assim, passando pouco tempo, um grupo de figurinhas de ambos os sexos surgiu na sua frente, cantando e pulando alegremente.
A deusa deu às figurinhas o nome genérico de "homens", que realmente veio a designar todo o ser vivo que normalmente se mantém e locomove numa posição ereta.
Se bem que a deusa Nü Wa não parasse de fazer mais e mais figurinhas numa tentativa sobre-humana de populacionar o vasto território terrestre com homens dotados de poder de fala e de movimento, por ais esforços que fizesse a sua capacidade de fabrico seria sempre demasiadamente pequena em proporção à imensidão do planeta, vindo os homens a se sentirem demasiadamente sós e dispersos pelo mundo.
Após ela ter trabalhado afincadamente dias seguidos, o numero de pessoas que se encontravam dispersas pelo mundo encontrava-se bastante reduzido. Cansada, veio-lhe na de repente na ment uma ótima ideia.
Partindo um caniço de uma montanha atou uma de suas extremidades a uma grande pedra. Segurando-a na extremidade oposta, e depois colocado entre ela e pedra de permeio um monte de barro, a deusa começou a rodar velozmente o caniço, tal como se fosse uma criança pulando corda.
Oh, inesperado milagre! Imediatamente os pingos de barro que se desprendiam do caniço se transformavam em enérgicos homenzinhos, mal tocavam o solo.
Tratava-se realmente de um modo mais econômico e eficaz! Incessantemente uns após outros milhares de homens foram assim produzidos vindo se a dispersar pelos quatro cantos do mundo, adequadamente habitando a terra inteira.
Depois, e para que a humanidade não se extinguisse, a deusa Nü Wa concebeu o regime de casamento entre homens e mulheres - de modo que este pudessem se amar mutuamente, estabelecerem famíliase procriarem-se. Por isso os povos da antiguidade chamavam Nü Wa de a "deusa do casamento".
Muitos anos haviam se passado depois da criação da humanidade por Nü Wa quando se desencadeou um grande conflito no mundo: uma temível guerra entre o deus das águas, Gonggong, e o deus do fogo, Zhurong. A luta entre o dois deuses foi tão calamitosa que o céu se despedaçou e a terra se entre abriu pondo os homens a beira do seu extermínio.
Gonggong, deus das águas, além de ter um temperamento inconstante e caprichoso, comportava-se tal qual um déspota, aspirando tornar-se o deus absoluto de tudo quanto existia no mundo e vir a monopolizar o universo. mas no entanto Zhurong, o feroz e cruel deus do fogo, tinha igualmente pretensões à hegemonia do universo. Esses dois deuses eram por isso inimigos mortais, tal como a agua e o fogo são incompatíveis, e uma vez, não se sabe como, tendo-se encontrado ambos recorreram a uma luta armada.
Ora o deus Gonggong tinha dois ministros que se chamavam respectivamente Xiangliu e Fuyou. Xiangliu era um ser feroz e ávido com o corpo de serpente todo verde e nove cabeças de aparência humana. Fuyou era um incansável viajante que abusava de seu poder onde quer que estivesse. O deus Gonggong tinha um filho que, tal como o pai, pretendia a hegemonia do poder e era conhecido por toda a espécies de crimes. este 3 personagens, sendo os fiéis cúmplices do deus das águas, imediatamente se aliaram ás suas intenções quando este declarou guerra ao deus do fogo.
Certo dia, Gonggong, acompanhado de Xiagliu, Fuyou e pelo seu filho, decidiram ir numa grande jangada atacar Zhurong.
Ao se aproximarem da morada do deus do fogo levantaram uma grande ventania e fustigaram enormes ondas a fim de ostentarem o seu poderio e força. Zhurong, pouco estúpido e muito manhoso, ao ver a superioridade numérica do adversário, pretendeu não fazer frente ao ataque dos seus adversários e retirou-se da orla marinha indo para o iinterior incentivando o inimigo a desembarcar.
Quanto ao deus das águas e companhia, caindo na armadilha do deus do fogo, desembargaram em terra firme, Zhurong cuspiu-lhes labaredas ardentes envoltas de espesso fumo. Xiangliu teve uma morte instantânea, enquanto Fuyou ficou totalmente queimado mas conseguiu fugir, depois querendo aliviar um pouco das dores de seus terríveis ferimentos resolveu mergulhar no rio Huaihe, onde acabou morrendo.
O filho do deus das águas, sendo o menos capacitado de todos, ao ver esta cena tremenda, ficou aterrorizado e manteve-se imóvel; então, Zhurong brandiu seu sabre e o cortou ao meio. O deus das águas vendo-se perdido não teve outra escolha senão recuar.
O arrogante e orgulhoso Gonggong confrontado por tamanho revés, não pode se conter e, envergonhado e raivoso, bateu sua cabeça com toda a força contra a montanha Buzhou que não era mais que um dos quatro pontos de apoio do céu.
De fato, segundo uma antiquíssima lenda chinesa o céu estava sustentado por quatro sustentáculos que impediam a sua derrocada e permitiam aos terrestres viver tranquilamente. Tal foi o golpe desferido pelo deus das águas contra a montanha Buzhou - Que o sustentáculo celestial do noroeste, se desmoronou arrastando com sua queda uma grande parte da calota celeste abrindo um grande buraco no firmamento.
Tamanho foi o abalo que a crosta terrestre abriu inúmeras e profundas rachadura e das suas entranha jorraram águas, que misturando-se a dos rios, do mar e dos lagos inundaram o mundo transformando-o num oceano de rebeldes vagas. Nas montanhas pedras se chocaram produzindo faíscas que incendiaram as florestas e fazendo feras e animais selvagens sair do seus ambientes e atacar os homens.
Como criadora da humanidade, a deusa Nü Wa destruiu o universo. A fim de salvar os homens e para que seus descendentes pudessem viver eternamente, resolveu, portanto, reparar imediatamente o céu danificado.
Olhando à sua volta a deusa ponderou sobre a melhor solução a adotar, depois de pensar um tempo, ela resolveu ir as montanhas e pegar cinco tipos de pedras com cores diferente e fundindo-as preparou uma forte argamassa com a qual remendou o buraco celestial. Depois queimou campos inteiros d juncos e com a cinzas destes fez diques contendo assim as inundações.
Finalmente, Nü Wa matou o dragão negro que desde há muito vinha perturbando a vida calma da população na planície de Hebei. Vendo isso e tomados de pânico, as outras feras e animais selvagens fugiram das regiões habitadas pelos homens procurando refúgio em outras paragens, acabando assim a humanidade por se libertar dessa calamidade.
Se bem que o remendo feito por Nü Wa tivesse sido executado com extremo cuidado e perícia o céu manteve um ligeiro declínio para noroeste fazendo deslizar o sol, a lua e as estrelas na sua superfície. também devido ao abalo, a terra descaiu minimamente para sudoeste nunca conseguindo recupera a sua configuração inicial, sendo esta a razão que os rios correm nesta direção.
Entretanto, ao invés de prejudicar a vida, essas mudança afetou favoravelmente o movimento do sol, da lua e das estrelas no firmamento, dividindo assim o ano em quatro estações, fazendo com que fechasse um ciclo harmônico.
Cumprida a missão, a deusa Nü Wa deixou a terra, montada em um dragão ascendente por entre as nuvens até os píncaros das alturas onde se encontrou com o imperador celestial, e lhe contou detalhadamente todo que havia feito.
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