sexta-feira, 24 de agosto de 2018

A Palavra.



Sabe-se o lugar que ocupa na ciência atual o estudo das vibrações; este estudo, porém, tem sido encaminhado quase que exclusivamente para o domínio dos fenômenos físicos e até agora soa as formosas concepções de Camillo Flammarion tem atraído a atenção para os resultados físicos que se podem obter destes estudos. Ora, a ciência oculta ensina que toda a vibração do plano físico determina mudanças de estados particulares no plano astral e no plano psíquico; o conhecimento desta afirmação permite saber até que ponto é certo e considerável o influxo que exerce o verbo humano sobre todos os planos da natureza.



A emissão da voz compreende três efeitos simultâneos:
I – Emissão de um som pondo em ação o plano físico da natureza.
II – Emissão de uma certa quantidade de fluido vital, pondo em ação o plano astral.
III – A libertação e a criação de uma entidade psíquica que é a ideia a qual o som dá um corpo e a articulação dá a vida. Cada ideia assim realizada e manifestada no mundo material, age durante um certo tempo como um ser verdadeiro depois extingue-se e desaparece progressivamente, pelo menos no plano físico. A duração da ação desta ideia depende da tensão cerebral com a qual ela foi emitida, isto é, da quantidade de vitalidade de que ela foi revestida. Em certos casos o homem sacrifica sua vida particular em benefício da ideia que defende, e então criam-se no astral e sobretudo no mundo divino, correntes de uma potência considerável. É aí que se deve procurar a verdadeira influência das perseguições e martírios sobre o futuro das doutrinas filosóficas e religiosas.

A palavra é o instrumento de geração do espirito e está verdade, proclamada por Malfatti e Montereggio em 1839, adquiriu modernamente grande importância graças ainda aos trabalhos
contemporâneos de Vurgey sobre a anatomia filosófica.

Uma velha lenda cristã diz que o diabo é incapaz de tomar os pensamentos enquanto não tenham sido materializados pela palavra.

Existe uma ciência do verbo sintetizada em alguns nomes e cuidadosamente conservada pelas duas iniciações: A oriental com seus mantras em sanskrito, e a ocidental com suas formas cabalísticas em língua hebraica. A segunda, mais conforme ao nosso espirito, é a que nos interessa por enquanto.

Os estudantes de ocultismo, por mais adiantados que estejam, conhecem nem que seja
superficialmente a kabbala. Sendo assim, basta que o leitor se lembre que os kabalistas geralmente são peritos em questões de magia, atribuem uma influência especial ás palavras hebraicas nas operações sobre o astral. É do hebreu que procede todas as palavras, muitas vezes deturpadas, que encontramos nos grimórios e que se veem espalhadas na conjurações e preces.

Vamos resumir apenas, os nomes mais importantes a conhecer bem, para operar segundo os ritos estabelecidos. Estes nomes, simples vestimentas de ideias sublimes, são quase sempre formulas sintéticas lembrando aos seres do astral a ciência do homem. Além disso o operador dinamiza suas formulas com toda a convicção que lhe dá o sucesso das experiências precedentemente tentadas quer pelos mestres, quer por ele próprio. Daí um projeção fluídica considerável principalmente sobre o ignorante feiticeiro de aldeia, o qual tem uma confiança tanto mais cega em suas formulas quanto menos ele compreende o sentido delas. Também este feiticeiro, possuidor de uma receita vulgar ou de uma frase hebraica banal, obterá não raro resultados admiráveis, não por causa da palavra hebraica, simples corpo de sua emanação volitiva, mas pela intensidade vital com que sua imaginação reveste a palavra proferida por ele.

O exercício da palavra é, pois, do mais alto interesse para o magista, e as regras deste adestramento estão implicitamente contidas no ritual da prece, tal como falaremos na terceira parte.

Basta, por agora, lembrar que a única dificuldade que se poderia encontrar na pratica, é ter a palavra cortada por uma violenta emoção; também o magista dever ter bastante domínio sobre o seu ser impulsivo afim de evitar este acidente que poderia trazer consequências funestas. Em seu desenvolvimento pessoal deverar cuidar muito deste ponto.

Gérard Anacelet Vicent Encausse (Papus), Tratado Elementar de Magia Prática – 1924.

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