sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Hades, Temível Senhor do Submundo.


Hades (em grego antigo: Ἅιδης ou Άͅδης, transl. Haides ou Hades ), na mitologia grega, é o deus do mundo inferior e dos mortos.

Domínios: Rei do submundo, dos Mortos, Morte

Animais: Megascops (Coruja-do-mato), Carneiros negros e Touros.

Plantas: Asfódelo, Menta, Álamo-branco, Narciso, Cipreste

Símbolos: Cornucópia, Bastão com ponta de pássaro (ou bidentado), Elmo da Invisibilidade, duas lanças dentadas.

Ofertas: Não recebe sacrifícios. [Faça ofertas ctônicas, como libações do tipo khoe, onde se verte todo o líquido no chão.]


Epítetos: Aidoneus (o Escondido, o Invisível), Eubouleus (Bom Conselheiro), Eukhaitos (De Belos Cabelos), Eukles (de Boa Reputação), Hagisilaos (Líder do Povo), Klymenos (Renomado), Pasianax (Senhor Sobre Tudo), Plouton (Riqueza), Polydektes (Recebedor de Muitos Convidados), Zeus Katakhthonios (Zeus do Submundo).

É considerado um deus da "segunda geração" pelos estudiosos, filho de Cronos e de Reia.
Hesíodo fala sobre Hades e seus irmãos:
“Réia submetida a Crono pariu brilhantes filhos:
Héstia, Deméter e Hera de áureas sandálias,
o forte Hades que sob o chão habita um palácio
com impiedoso coração, o troante Treme-terra
e o sábio Zeus, pai dos Deuses e dos homens,
sob cujo trovão até a ampla terra se abala.”

Temendo uma profecia que dizia que seria derrotado por um dos filhos, Cronos passou a devorar os filhos tão logo sua mulher, Reia, os tinha. Assim ocorrera a todos os filhos que teve, à exceção de Zeus que, para ser poupado, foi num ardil materno trocado pela mãe por uma pedra.

Segundo Apolodoro e Hesíodo, Cronos os devorou na seguinte ordem: primeiro a Héstia, em seguida Deméter e Hera e, mais tarde, a Hades e Posídon.

Crescendo, o jovem deus teve novamente a ajuda materna para auxiliá-lo: Reia fez com que o marido engolisse uma beberagem que o forçou a vomitar os filhos presos dentro de si. Uma vez libertos, os irmãos ficaram solidários a Zeus, no combate contra o pai. Postaram-se, então, no monte Olimpo e, com ajuda dos titãs hecatônquiros, combateram os outros titãs, que se posicionaram no monte Ótris, numa batalha que durou dez anos.

Os titãs solidários aos olímpicos , Briareu, Coto e Giges deram aos três irmãos suas armas: a Zeus os raios, a Posídon o tridente; a Hades coube um capacete, que o tornava invisível. A derrota de Cronos deu-se com o uso das três armas: Hades, invisível com seu elmo, roubou do pai suas armas e, enquanto Posídon o distraía com o tridente, Zeus o fulminou com seus raios.

Sendo o mundo dividido em três partes, Zeus procedeu à divisão por sorteio dos reinos entre si e os dois irmãos: para si ficou a Terra e o Céu, a Posídon coube os mares e rios, ao passo que para Hades ficou o domínio sobre o mundo subterrâneo e os seres das sombras.

Ele é também conhecido por ter raptado a deusa Perséfone (Koré ou Core) filha de Deméter, a quem teria sido fiel e com quem nunca teve filhos. A simbologia desta união põe em comunicação duas das principais forças e recursos naturais: a riqueza do subsolo que fornece os minerais, e faz brotar de seu âmago as sementes - vida e morte.

Hades costuma apresentar um papel secundário na mitologia, pois o fato de ser o governante do Mundo dos Mortos faz com que seu trabalho seja "dividido" entre outras divindades, tais como Tânatos, deus da morte, ou as Queres (Ker) - estas últimas retratadas na Ilíada recolhendo avidamente as almas dos guerreiros, enquanto Tânatos surge nos mitos da bondosa Alceste ou do astuto Sísifo.

Hércules
O décimo-segundo dos Doze Trabalhos de Hércules, a catábase (katábasis), a ida ao mundo dos mortos para lá apreender o monstruoso cão Cérbero, encarregado de evitar que os vivos entrem naquele reino e que de lá saiam tendo entrado, salvo por ordem do seu Rei, o herói conta com a ajuda de Hermes e Atena, para não errar o rumo e clarear a escuridão, respectivamente, por ordem de Zeus.

Nesta tarefa, Hércules demonstra seu caráter humano, apiedando-se de alguns dos prisioneiros que ali estavam, e procura ajudá-los em seu sofrimento. Dentre estes estavam Pirítoo e Teseu, ainda vivos (como adiante se verá), e Ascáfalo. Ascáfalo era o filho de uma ninfa do rio Estige com o barqueiro Aqueronte e, no episódio do resgate de Perséfone por sua mãe, quando Hades a fizera comer o grão de romã, foi ele quem a denunciara ao deus dos mortos. Numa primeira variante deste mito, Deméter o transformara em coruja, como castigo; em outra, a deusa o fizera ficar preso sob um grande rochedo e teria sido deste sofrimento que Hércules o poupara, mas o alívio não durou muito, pois Deméter enfim o transformou em coruja, mantendo a punição. Bulfinch adiciona que o rochedo encantado que os prendia ficava à entrada do palácio dos reis do submundo.

Finalmente, chegando à presença de Hades, o herói pede para que lhe fosse permitido levar Cérbero à presença de seu primo Euristeu, que lhe impingira as tarefas impossíveis. Hades concorda, desde que para tanto não usasse o filho de Alcmena nenhuma de suas armas, servindo-se apenas da capa feita do Leão de Nemeia, o que fez. Após cumprir o trabalho, Cérbero foi devolvido ao mundo ctônico.

Teseu
O herói Teseu, que já havia praticado o rapto de Hipólita (rainha das Amazonas), e de Ariadne, combinara com o amigo Pirítoo, cujos laços se estreitaram após a Centauromaquia, que raptariam por esposas de ambos apenas filhas de Zeus e humanos, visto serem os dois, eles próprios, de origem divina: Teseu filho de Zeus e Pirítoo de Posídon. Após tirarem a sorte, acordaram que a Teseu caberia Helena, e ao outro a própria Rainha dos Infernos, Perséfone. Ambos se auxiliariam na tarefa, mas Teseu então aos cinquenta anos, encontra Helena ainda impúbere, e a esconde. Junto a Pirítoo, desce ao Reino dos Mortos.

No Submundo, foram bem recebidos por Hades. Cometeram, então, duas das atitudes mais temerárias ali: convidados ardilosamente para um banquete pelo deus infernal, sentaram-se e comeram: sentar significa, ali, intimidade e permanência; comer, a fixação. Ficaram, portanto, presos às suas cadeiras.

Quando da catábase de Hércules, o herói tenta livrá-los, mas os deuses permitiram que somente Teseu fosse liberto, ficando Pirítoo preso na Cadeira do Esquecimento.

Perseu.
Na sua campanha para matar a Górgona (ou Medusa), Perseu recebe o auxílio de Atena e de Hermes; assim, consegue penetrar no reduto das Greias que, em razão de possuírem somente um olho, uma montava guarda enquanto as duas outras dormiam: num lance rápido, o herói arrebata-lhes o olho e, então, negocia a troca do membro pelo auxílio em derrotar a terrível inimiga. Impotentes, as três irmãs entregam-lhe o necessário para chegar às ninfas e para vencer, segundo lhe havia sido revelado por um oráculo: as sandálias aladas, o alforje chamado quibísis (para guardar a cabeça da Medusa) e o capacete da invisibilidade, de Hades.

Tântalo.
Como castigo por sua conduta na terra, Tântalo sofreu um terrível suplicio nos infernos. Ele havia convidado os deuses para um suntuoso banquete, em que serviu como refeição os membros de seu próprio filho, Pélope. Indignado com o crime do pai desnaturado, Zeus o condenou a passar fome e sede por toda a eternidade.
Coube á Hermes aplicar a sentença. O mensageiro celeste acorrentou Tântalo perto de uma fonte límpida e fresca, sobre a qual pendiam galhos carregados de frutos. Quando Tântalo queria beber água a mesma se afastava. Quando erguia a mão para pegar um fruto, os galhos levantavam e ficavam fora de seu alcance. É o famoso suplício de Tântalo.

As Danaídes.
As cinqüentas Danaídes também expiaram seus crimes nos infernos. Cada uma delas, com exceção de Hipermnestra, tinha apunhalado o respectivo marido na noite de núpcias. Zeus as lançou no tártaro, condenando-as á tarefa interminável de encher de água um tonel furado, o tonel das Danaídes.

Hades e Esculápio
Era ainda Esculápio (Asclépio) um mortal quando, ao restituir a vida a um morto, despertou a ira de Hades. Como castigo, o Zeus atende ao pedido do irmão e o fulmina com seu raio. Sendo o médico filho de Apolo, o deus resolve vingar-se atacando os ciclopes que, no Etna, fabricavam as armas do Olímpico. Zeus, por conta disto, pune seu filho, condenando-o a passar um ano como escravo de Admeto, rei da Tessália. Depois de sua morte, contudo, o próprio Zeus admite Esculápio como deus.

Mais um filho de Apolo acaba por ter sua história ligada ao rei dos mortos: Orfeu, que ganhara do pai uma lira e a tocava com tamanha perfeição e encanto que até as pedras se comoviam. Tendo se casado com Eurídice, logo a perde pois, fugindo ao assédio do pastor Aristeu, a jovem morre picada por uma cobra.

Orfeu desce aos Infernos e vai ter diante dos tronos de Hades e Perséfone. Ali entoa um canto tão fascinante que os fantasmas derramam lágrimas; Tântalo esquece a sede; o abutre cessa o ataque ao fígado de Prometeu; Sísifo parou de rolar a pedra pela montanha, nela se sentando para ouvir; as Danaides pararam de recolher água com peneiras e Íxion deixa de girar sua roda.

Os soberanos do submundo também se comovem e concedem-lhe o desejo de trazer de volta à vida a amada esposa, com a condição de não olhar para ela até saírem dos domínios ctônios o que acaba ocorrendo, Eurídice acaba por morrer uma segunda vez.

Como o senhor implacável e invencível da morte, é Hades o deus mais odiado pelos mortais, como registrou Homero (Ilíada 9.158.159). Platão acentua que o medo de falar o seu nome fazia usarem no lugar eufemismos, como Plutão (Crátilo 403a).

Por "significar" Invisível, o nome Hades (que também lhe designa o reino), é raramente proferido: Hades era tão temido, que não o nomeavam por medo de lhe excitar a cólera. Normalmente é invocado por meio de eufemismos, sendo o mais comum Hades, o "rico", como referência não apenas a "seus hóspedes inumeráveis", mas também às riquezas inexauríveis das entranhas da terra, sendo estas mesmas a fonte profunda de toda produção vegetal. Isso explica o corno de abundância com que é muitas vezes representado. Violento e poderoso, receia tão-somente que Posídon, o "sacudidor de terra", faça o solo se abrir e "franqueia aos olhos de todos, mortais e imortais, sua morada horripilante, esse local odiado, cheio de bolor e de podridão", como lhe chama Homero na Ilíada, XX, 61-65.

Os infernos
O reino de Hades era um lugar subterrâneo, ao qual as almas desciam depois da morte para serem julgadas e receberem os castigos por seus erros ou a recompensa por suas boas ações.

O reino infernal era percorrido por rios escuros e lodosos: o Estige e o Aqueronte, formado pelo Cocito e pelo Flegetonte.

Os juramentos mais solenes se faziam pelo rio Estige. Quando um deus jurava pelo Estige e não cumpria a palavra, ele era privado por cem anos de seus privilégios como divindade. Eram ordens de Zeus.

Á beira do rio Estige vagueavam sombras nebulosas. Eram as almas dos que deixavam de viver, que eram conduzidas até lá por Hermes. Elas chegavam em grupos e ficavam esperando ser transportadas para a outra margem por Caronte, o barqueiro dos infernos. Caronte só transportava as almas daqueles que tivessem recebido sepultura ou pagassem a passagem. Súplicas e pedidos não comoviam o barqueiro inflexível.

Do outro lado do rio ficava o Campo da Verdade, uma encruzilhada de dois caminhos: um levava ao Tártaro, no fundo dos infernos, outro aos Campos Elísios, onde ficavam as almas virtuosas

Uma grande porta de bronze protegia a entrada do palácio de Hades, guardada por Cérbero, o cão de três cabeças, de latido furioso e dentada feroz. Belas colunas enquadravam o trono de Hades e Perséfone, cuja a graça e delicadeza davam um tom de tranqüilidade áquele ambiente carregado.

As Moiras.
As três Moiras eram as divindades que comandavam o destino dos homens e dos deuses. A primeira, Cloto, fiava o foi da vida em sua roca, determinando o nascimento. A segunda, Láquesis, enrolava o fio, definindo o decorrer da vida. A terceira, Átropos, cortava o fio, determinando a morte. A três Moiras nunca mudavam de idéia. Em seu palácio, o destino estava gravado em ferro e bronze, de modo que nada podia apagá-lo.

Os três Juízes dos Infernos.
Perto do trono de Hades e sob seu controle, os juízes Éaco, Radamante e Minos julgavam todos os seres humanos que chegavam aos infernos. Suas decisões inapeláveis eram executadas por Nêmesis, deusa da vingança.

O Lete. Os Campos Elísios.
No final do percurso dos Infernos chegava-se ao rio Lete. Ele corria lentamente e sua água tinha uma propriedade estranha: quem a bebia esquecia os sofrimentos e as amarguras da vida.

O Tártaro era a região mais profunda dos infernos. Nem todas as almas dos mortos iam para lá. As almas daqueles que os juízes julgavam bons, sensatos e virtuosos eram encaminhadas para os campos Elísios, um lugar de delicias, com arvores de essências aromáticas, um céu puro e uma temperatura suave e estável.

Os campos floridos eram regados pelas águas do Lete, o rio do esquecimento. Era o lugar ideal para se retomar uma vida eternamente feliz.

O culto á Hades
Bastante disseminado era o culto a Hades, tanto entre gregos quanto, depois, pelos romanos (na variante de Plutão). Brandão diz contudo que "as inscrições mostram que mesmo assim era muito pouco cultuado na Terra, possuindo, com certeza, apenas um templo em Elêusis e outro menor em Élis, que era aberto somente uma vez por ano e por um único sacerdote".

Entretanto, era tão temido que seu nome não era pronunciado, senão raramente. Vigorava o temor de, nomeando-o, atrair-lhe a cólera. Preferiam, assim, referirem-se a ele por meio de eufemismos, como Plutão "o rico", em razão das riquezas advindas dos subterrâneos (daí ser representado por uma cornucópia com tesouros). Dentre os epítetos com os quais era referido, encontram-se em Homero (Ilíada 9, 457) os seguintes: "o Forte", "o Invencível" e o já mencionado "Zeus do Inferno".

Na Grécia, seus mais importantes templos ficavam em Pilos, Atenas, Olímpia e Élida. Neste povo dedicavam ao deus o narciso, o cipreste e o buxo. O templo de Pilos era uma construção magnífica e, próximo ao rio Corelo, na Beócia, possuía um altar que, por razões místicas, era partilhado com Atena.

Em Roma, um grande festival ocorria em fevereiro - as februationes - que durava doze noites. Também era chamado Carístia, uma vez que as oblações eram feitas à morte. Nele eram sacrificados touros e cabras negras, enquanto o sacerdote que presidia o cerimonial ostentava uma coroa com folhas de cipreste. Uma vez a cada cem anos eram realizados em sua honra e tributo aos mortos os jogos chamados Seculares. Era ilícito o sacrifício diurno, pois o deus tinha aversão à luz.

Hacquard registra que era invocado num ritual onde se batia na terra com as mãos ou varas, sendo-lhe também sacrificados touros ou ovelhas negras, no período noturno. Além dos romanos, os etruscos tomaram emprestado aos gregos o casal que governava o Submundo, chamando-os de Aita e Persipnei.

Orfismo:
No culto que teria sido iniciado por Orfeu, o seu renascimento (com anterior catábase - ou volta ao mundo inferior) foi à base para a crença na metempsicose, espécie de reencarnação (neste caso, transmigração das almas) em que os mortos voltam a experimentar novas existências até atingirem a purificação.

Tendo cumprido duas encarnações a alma desceria ao reino de Hades, onde purgaria seus pecados, e estaria pronta para gozar um destino feliz ao lado dos deuses. Para isto, mister ser iniciada nos mistérios órficos; sem este conhecimento, contudo, ficaria presa de um eterno ciclo de renascimentos, daí ser importante o rito iniciático.

Hino Órfico 17 a Plutão [Hades]

Ó Deus de coração brutal, habitante de lar subterrâneo,
tartáreo e profundo prado, lúgubre e lucífugo,
Zeus ctônio, rei cetrado! Acolhe de bom grado estes sacrifícios,
Plutão, que deténs as chaves de toda a terra,
que todo o ano dá a riqueza dos frutos à estirpe mortal, (5)
que recebeste a terça parte -- a subterrânea rainha de tudo,
sede dos imortais, pujante suporte dos mortais,
tu firmaste um trono em tenebrosas terras:
o Hades longínquo, infatigável e sem ventos
e o escuro Aqueronte, que ocupa as raízes da terra; (10)
tu, que reges a graça da morte aos mortais, ó hospedeiro de muitos,
Conselheiro que um dia com a filha da purificante Deméter
casou-se, arrebatando-a dos prados até o mar,
e com tuas quadrigas levaste-a a um ático antro,
no distrito de Elêusis, onde estão os portais do Hades. (15)
Nasceste para ser o juiz de atos claros e ocultos,
onipotente divinizado, o mais sagrado, de esplêndidas honras,
que se alegra na condução de insignes mistérios, consagrados e reverendos,
apelo que tu venhas grato e propício aos mistérios.
(Tradução: Rafael Brunhara)

Hades:
Hades, de cabelos escuros
que vives na morada sombria da noite,
nas entranhas da terra;
tu que agracias os homens com os tesouros
do vosso mundo
e os guarda justamente no calor do vosso reino
eu honro a ti, oh deus dos povos já idos.
Tu que governas nas profundezas
junto com a adorada Perséphone
cuida de mim para que na morte
eu esteja protegido das mazelas do mundo
e em vida eu esteja nos braços da riqueza
que são os metais que correm nas veias da terra, tua morada.
Agracia-me e eu não me esquecerei de ti.
(Thiago Oliveira)

No festival de Heliogenna, Hades e os deus Ctônicos são lembrados e reverenciados.
"Solstício" é uma palavra do latim, "sol-sistere" (sol parado), que é quando a elevação do sol não parece mudar. Para nós, é o tempo da "Heliogenna" (nascimento de Hélio).

A Heliogenna em si é um festival moderno criado originalmente com 9 dias (18 a 26 de dezembro), proposto por Hector Lugo, em honra ao deus sol Hélio no solstício. Os 3 primeiros dias eram o pôr-do-sol, os 3 seguintes a noite e os 3 últimos o nascer-do-sol. Acenderia-se 8 velas, uma a cada pôr-do-sol, o segundo dia da segunda tríade cairia no solstício de inverno no hemisfério norte e por isso não se acenderia uma nova vela. As velas deveriam queimar até se extinguirem. De preferência em aparadores de vela com desenhos solares.

O pôr-do-sol (primeiros 3 dias) era celebrado com relatos de Faetonte e sua morte. Queimariam-se velas amarelas e/ou laranjas nesses dias. A noite (3 dias seguintes) seria para honrar os mortos, e também Hades e Perséfone. Helios estaria chorando pelo seu filho, então não se mencionaria ele nesse momento. Queimariam-se velas negras no primeiro e no último dia dessa tríade. O nascer do sol (últimos 3 dias) seria o retorno de Hélio das profundezas do Hades e um tempo de júbilo, quando se saudaria ele a cada romper do dia e se fariam preces e cantos a ele, acendendo velas amarelas e/ou laranjas.

Algumas ligações:
Hélio-Hades-Perséfone-Hécate
Em certo sentido, o deus do submundo Hades ("o invisível, o que dá a invisibilidade") parece muito mais um reverso de Hélio ("o visível, o que torna visível") do que do deus celeste Zeus. Quando Hades raptou Core, que assim virou Perséfone, ela gritou por ajuda, mas ninguém ouviu, exceto Hécate, na sua caverna, e Hélio. Depois o eco de sua voz alcançou sua mãe Deméter. Por nove dias ela andou pela terra com duas tochas nas mãos, à procura da filha. Na terceira manhã, Hécate - também com uma tocha - lhe trouxe notícias, dizendo que ouviu o grito, mas não ouviu quem tinha sido. Deméter perguntou então a Hélio e este lhe disse o que aconteceu. Aí vem todo um enorme relato de Deméter deixando o Olimpo e punindo a terra com a ausência de colheitas, e Iambe e Metanira em sua estada em Eleusis etc, que não cabe agora, e sim em outro festival. Quando Perséfone reencontra sua mãe, elas ficam abraçadas e, em seguida, vem Hécate acolher Perséfone também, passando a ser companheira delas.

DIA 1, Dia antes do Solstício
Pôr-do-sol
Dia de gratidão
Deuses honrados: Hélio, Selene, Eos
Celebrado de manhã até que o sol comece a se pôr

Um tempo para Honrar os Deuses Celestiais, examinar o ano prévio que passou e expressar gratidão pelas bênçãos dadas.

Eu encho uma pequena urna com areia de praia e a coloco em meu altar para Hélios. Pela tarde, acendo as velas, queimo um incenso de oferta, digo uma prece ou duas e faço outros oferecimentos ou verto uma libação em honra de Hélio, Selene, Eos. Agradeço os Deuses pela ajuda deles/delas e pelas suas bênçãos.
Então tenho um almoço agradável com minha família ou amigos, colocando de lado alguma da comida para queimar em oferta. Depois disso você poderia fazer as decorações para vestir uma árvore (se você é de montar árvore). Fatias secas de laranja dão grandes decorações solares. Espere decorar e iluminar a árvore na manhã seguinte, que é manhã de Solstício.

Ofertas e libações:

*Libação para Héstia*

Senhora do Fogareiro,
Guardiã das chamas sagradas do Olimpo
Entre nesta casa e seja bem-vinda

Crianças abençoadas de luz
Nós lhes damos boas-vindas neste dia.
Luminoso Hélio que belo viaja
A graciosa Selene já se move atrás de ti
Com Eos abrindo os portões, anunciando sua chegada.

*Libações para Hélio, Selene e Eos*

Hélio – agradeço por seu poder de dar a vida este ano. Obrigado/a por sua vigilância e sua luz.
Selene - você é a luz na escuridão e a lembrança de que a noite é tão cheia de possibilidades como o dia, se olhamos para ela mais de perto.
Eos - você é a Beleza que está na novidade de todas as coisas.

*Libação para Héstia*

Senhora do Fogareiro,
Guardiã da chama sagrada do Olimpo
Conceda suas bênçãos a tudo que se reúne ao redor deste fogo.

*prece de ofertas*

Hélio, por favor, aceite minhas ofertas de...

Grata/o por suas bênçãos de... este ano.

DEPOIS DO PÔR-DO-SOL, Noite antes do Solstício
A noite
Noite de Recordação, conclusões e transição
Deuses honrados: Hélio, Hécate, Hades, Perséfone, Hermes
Celebre do pôr-do-sol até o amanhecer

Hélio desce para a Casa de Perséfone para ser renascido. O tom é sombrio. Enquanto assiste o sol se pôr, verta libações para Perséfone, Hades, Hermes e Hécate. Queime ofertas de incenso no altar e queime tudo das decorações da Heliogenna do último ano no fogo: todos os ornamentos de árvore de fatias secas de laranja, as bolas laranja de cravo-da-índia, a ponteira da árvore. Depois de eles estarem queimados, pode-se apagar o fogo.

Oferecimentos e libações:
Perséfone: Rainha dos Mortos, fruto da terra e do céu
Noiva do Poderoso Hades, morando nas terras do submundo.
Guardiã de segredos, sábia e compassiva, doadora de esperança na desesperança.

Hades: Rei dos mortos, filho de Kronos o derrotado,
Marido de Perséfone, morando no palácio subterrâneo.
Guardião de segredos, escuro e não-visto, doador de riquezas do submundo.

Hermes e Hécate: Vocês que iluminam meu caminnho
e guiam meus passos a cada encruzilhada.
Vocês que me conduzirão
quando eu fizer a jornada final

Prece de oferta:
Deus de Muitos Nomes e sua Rainha Terrível, por favor aceite esta oferta de...
Receba Hélio com carinho e o mande de volta como o Deus Jovem junto ao ano renascido.

Os restos do fogo são varridos. As velas são apagadas e os tocos são jogados fora. A noite é silenciosa depois das preces. Mais nenhuma comida é consumida.

DIA 2, manhã de solstício
Nascer do sol
Manhã de vitória e Esperança - Renovação - Potencial
Deuses honrados: Hélio e os Protogonoi
Celebre começando de madrugada

Acorde cedo e assista a elevação do Sol. Enquanto ele sobe, segure velas claras e cante hinos, modernos ou antigos, para Hélio. Verta libações. Toque sinos. Esta é uma ocasião verdadeiramente jovial!

Fonte
Helenos
Les plus belles legendes de La mythologie.
Teogonia
Templo de Apolo.
Thomas Bulfinch
Wikipédia

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