Na
mitologia grega, Kháos (em grego Χάος, “vazio”) também chamado de Aêr
(em grego Άηρ, “ar”) ou de Anapnoé (em grego Άναπνοή, “respirar”) é a
personificação do vazio primordial, anterior à criação, quando a ordem
ainda não havia sido imposta aos elementos do mundo.
A natureza divina de Kháos é de difícil entendimento, devido às
mudanças que a ideia de Kháos sofreu com o passar das épocas.
Inicialmente descrito como o ar que preenchia o espaço entre o Céu e a
Terra, mais tarde passou a ser visto como a mistura primordial dos
elementos.
Segundo Hesíodos, Kháos é a primeira divindade a
surgir no universo, portanto o mais velho dos deuses. Já o poeta romano
Ovidius foi o primeiro a atribuir a noção de desordem e confusão à
divindade do Kháos.
Kháos parece ser um deus andrógino,
trazendo em si tanto o masculino como o feminino. Esta é uma
característica comum a todos os deuses primogênitos de várias
mitologias.
Etimologia.
Seu nome deriva do verbo grego
khaínô (χαίνω), que significa “separar”, “dividir” e “fender”,
referindo-se ao espaço vazio primordial. Kháos (Χάος) ou Khaéos (Χαέος)
significa algo como “vazio”, “fenda”, ou ainda “abismo”, também podia
ser chamado de Aêr (Άηρ), que significa “ar”, ou de Anapnoé (Άναπνοή),
que significa “respiração”, dois significados que fazem referência ao
espaço entre o Céu e a Terra que é preenchido pelo ar respirado pelos
seres vivos.
Segundo Hesíodo em sua obra Theogonía, os filhos
de Kháos nasceram de divisões assim como se reproduzem os seres
unicelulares. Nýx, à noite, e Érebos, as trevas, nasceram a partir de
"pedaços" do Kháos. E do mesmo modo, os filhos de Nýx nasceram de
"pedaços" seus, sem a união sexual. Portanto a família de Kháos se
origina de forma assexuada.
Kháos (Χάος), “vazio”;
Áêr (Άηρ), “ar”;
Anapnoé (Άναπνοή), “respiração”.
Genealogia.
O grande problema é considerar Kháos como o pai-mãe de Gaia, Tártaros e
Kósmos, quando é somente genitor de Nýx e Érebos. Na verdade, ele seria
"irmão-irmã" de Gaia, Tártaros e Kósmos.
Segundo Aristóphanes,
em sua obra Ornithes, Kháos seria pai com Kósmos dos Ornithes, os
“pássaros”, como era chamada a raça dos primeiros homens no princípio da
criação, outros poetas afirmam que foi pai de Eros e das Moirai. Na
tradição órfica, Kháos seria filho de Aíôn e Anankê, e irmão de Érebos e
Aíther.
Segundo o poeta romano Hyginus, Chaos (Kháos) seria
masculino e possuiria uma contraparte feminina chamada Caligena
(Omíkhlê), a névoa primordial, e com ela geraria Nox (Nýx), Dies
(Hémera), Erebus (Érebos) e Aether (Aíther).
Filiação.
Do nada (primeiro deus da criação) – Hesíodos, Teogonia
Aíôn & Anánkê – Rapsódias Órficas
Descedência.
Nýx, Érebos (sem mãe) – Hesíodos, Teogonia
Erebus, Nox, Aether, Dies (com Caligena) – Hyginus, Prefácio
Moíres – Koíntos Smyrnaíos
Érôs – Oppíanos, Halieutica
Órnithes (com Érôs) – Aristophánes, Aves
Cosmogonia.
Hesíodo apresenta em seu mito, duas formas de se gerar a vida: por meio
da divisão ou por meio da união. Quase todas as divindades nascidas por
divisão são conceitos negativos (a morte, a dor, a crítica, o engano,
etc) e quase todas elas foram geradas por Nýx. A partir de Gaia se
estabelece o modelo para a reprodução, com a intervenção de duas
entidades, masculina e feminina, como aparece no mundo divino em
resposta a sociedade humana. Assim, a primeira resposta do mito à
pergunta: “Qual é o motivo disto?”, tem como resultado: “Este é o pai e
esta é a mãe”. Além disso, todas as divindades geradas por divisão quase
nunca se aliam com ás de linhagem homem-mulher. Kháos seria a primeira
divindade a surgir do vazio, depois viriam Gaia, Tártaros e Kósmos, e
depois teria gerado Nýx e Érebos de si mesmo, depois estes teriam gerado
juntos Aíther e Hémera.
Diferente de Hesíodos, no mito
pelasgos da criação, Eurýnomê surgiu deste Kháos e junto de Ophíôn,
criou o Kósmos a partir dele, possivelmente Eurýnomê pode ter sido um
outro nome para Thésis, assim como Ophíôn seria um outro nome para
Hýdros, no mito homérico, seriam os mesmos que Têthýs e Ôkeanós. Para
Orpheús, Eurýnomê e Ophíôn reinaram no Olýmpous até a posse de Krónos e
Rheía.
Na tradição órfica consideravam ao Kháos como
descendente de Aíôn e Anankê, e irmão de Érebos e Aíther, fazia parte da
terceira teogonia da criação, assim como Hýdros, Theses e Phuses, da
primeira e, Aíôn, Anankê e Phanes, na segunda.
Para
Aristóphanes, em sua obra Ornithes, Kháos era chamado de “ventre da
escuridão”, do qual surgiu o ovo cósmico que continha o Universo, às
vezes misturado com Nýx, chamada de “negra noite alada”.
Para o
poeta romano, Hyginus, Chaos (Kháos) tinha uma contraparte feminina
chamada Calígena (Omíkhlês), e seria pai com esta de Nox (Nýx), Dies
(Hémera), Erebus (Érebos) e Aether (Aíther).
“Antes de todas as
coisas existia o Kháos; e depois Gaía a de amplos seios, assento sempre
sólido de todos os Imortais que habitam os cumes do nevado Ólympos e o
Tártaros sombrio escavado nas profundezas da terra espaçosa; e depois
Kósmos, o mais formoso entre os Deuses Imortais, que rompe as forças, e
que de todos os Deuses e de todos os homens domina a inteligência e a
sabedoria em seus peitos. E de Kháos nasceram Érebos e a negra Nýx,
Aithér e Heméra nasceram, porque os concebeu ela após unir-se em amor a
Érebos.” – Hesíodos, Theogonía.
"Alkmán identificou Póros (oportunidade) com o deus chamado de Kháos por Hesíodos." – Alkmán, fragmento 1.
"Aísa (fado) e Póros, dentre os antigos, conquistou a todos eles [ou
seja, eles foram mortos em batalha]" – Alkmán, Lírico Grego II,
fragmento 1.
"Quando o grupo das Moúses (belas artes) conheceu o
pastor Hesíodo... disseram-lhe sobre o nascimento do Kháos". –
Kallímakhos, Aetía, fragmento 2.
"No princípio somente existiam
Kháos e Nýx, negro Érebos e profundo Tártaros; Gaía, Aithér e Ouranós
não haviam nascido todavia; por fim, Nýx de negras asas pôs no seio
infinito de Érebos um ovo sem gérmen, do qual, após o processo de longos
séculos, nasceu o desejoso Érôs com asas de ouro resplandecente, e
rápido como um vendaval. Érôs, unindo-se nos abismos de Tártaros ao
Kháos alado e tenebroso, gerou nossa raça, a primeira que veio à luz. A
dos imortais não existia antes de que Érôs misturasse os germens de
todas as coisas; mas, ao confundi-los, brotaram de tão sublime união
Ouranós, Gaía, Ôkeanós e a raça eterna das divindades
bem-aventuradas..." – Aristophánes, Órnithes.
"Este Khrónos
(eternidade), de recursos imortais, gerou Aithér e grande Kháos, de
forma ampla e que, sem limite abaixo dele, sem base, sem lugar para se
estabelecer." – Rapsódias órficas 66.
"Unida com Khrónos estava
Anánkê (necessidade), ou Adrásteia (inavitabilidade), sendo da mesma
natureza incorpórea... este é o grande Khrónos que encontramos nas
rapsódia, o pai de Aithér e Kháos com efeito, nesta teologia também,
este Khrónos, a serpente, teve filhos, em número de três: úmido Aithér
(indomável), ilimitado Kháos (ar), e como terceiro, nevoento Érebos
(sombras)... Entre estes, diz ele, Khrónos gerou um ovo [contendo toda a
matéria sólida, mar, terra e céu]." – Fragmentos órficos 54.
"E Epikoúros disse que o mundo começou, semelhante a um ovo, e o Vento
[as formas entrelaçadas de Khrónos e Anánkê] Circundando o ovo na forma
de uma serpente como uma coroa ou um cinturão de flores, então começou a
contrair a natureza. Conforme tentou espremer toda a matéria com maior
força, ele dividiu o mundo em dois hemisférios, e depois que os átomos
se ordenaram para fora, os mais leves e mais finos do universo flutuaram
para cima e tornaram-se o Ar brilhante [Aíther] e o Ar mais rarefeito
[Kháos], enquanto o mais pesado e mais sujo se lançou para baixo,
tornado-se a Terra [Gaía], tanto a secura da terra quanto o fluido das
águas [Póntos]." – Epikoúrios, fragmentos.
"As Moíres (destinos), filhas do sagrado Kháos" – Koíntos Smyrnaíos, Queda de Tróia.
"De Caligene (névoa) nasceu, Chaos; de Chaos nasceu: Nox, Dies, Erebus e Aether." – Hyginus, Prefácio
"Entre as Nýmphes (donzelas), Klýmenê (glória)... de Kháos ensaiava os inúmeros amores dos deuses." – Virgilius, Geórgicas.
"Tu, Érôs, és o primogênito, nascido entre os deuses bem-aventurados e
fizeste do sisudo Kháos surgir com sua feroz e flamejante tocha e
primeiro tiveste de estabelecer as preceitos do amor conjugal e a ordem
dos ritos do leito conjugal." – Oppianós, Halieutica.
Ar Inferior.
Kháos era considerado a personificação do Ar inferior, pesado e expesso
respirado pelos homens, que se encontra entre o Céu e a Terra, formando
o espaço que divide esses dois elementos, diferente de Aíther, o Ar
superior, puro e brilhante, que se encontra logo acima do Céu, nas
regiões celestes habitadas pelos Theoí.
Para Aristóphanes, em
sua obra Nephélai, o personagem Sókrates afirma que o Kháos é o ar
imensurável que envolve o mundo junto ao Aíther. Ele ainda afirma que
Kháos possuía três nomes distintos: Kháos, Aêr e Anapnoé.
" E
então cessou Zeús de conter suas forças, e sua alma ao ponto se encheu
de cólera, e implantou todo seu vigor, precipitando-se chamejante de
Ouranós e do Ólympos e com o trovão e o relâmpago, voavam rapidamente de
sua mão robusta as centelhas, lançando ao longe a chama sagrada e por
todas as partes mugia, chamejante, Gaía fecunda e as grandes selvas
crepitavam no fogo, e toda a terra ardia, e as ondas de Ôkeanós e o
imenso Póntos se abrasavam, e um vapor cálido envolvia aos Titánes
terrestres e acendia a chama, prolongando-se no Aithér divino, e nos
olhos dos mais bravos estavam deslumbrados pelo resplendor irradiante da
centelha e do relâmpago.
E o imenso incêndio invadia o Kháos e
parece que ainda vêem os olhos e ouvem os ouvidos o trastorno daqueles
tempos de antigamente em que se golpeavam Gaía e o amplo Ouranós, quando
com um estrépito sem limites seriam esmagados um pelo outro, que se
balançava desde acima. Tão horrível era o fragor do combate dos Theoí!"
– Hesíodos, Theogonía
"E, além, longe de todos os deuses, vivem os Titánes, além do sombrio Kháos." – Hesíodos, Teogonia
"Ele usa Kháos em vez de Áêr aqui, como faz Ibykos:" ele voa no vazio estranho do Kháos." – Ibykos, Fragmentos.
"No vazio ilimitado do Kháos,a águia prega sua fina plumagem de penas
diante das rajadas do vento oeste." – Bakkhylídes, Fragmentos.
"Sokratês: Oh, rei soberano, ilimitado Áêr (Ar), que sustenta a Terra no
espaço, e tu, brilhante Aithér e vós Nephéles (nuvens), veneráveis
deusas." – Aristophánes, A nuvens. [Aristófanes chama o ar de Áêr e de
Kháos]
"Por Anapnoé (respiração), por Khaos, por Áêr" – Aristophánes, A nuvens. [três nomes para a mesma divindade].
"Vou deixar sob o domínio da cega noite, a terra, o céu e o mar, até o
ninho da disforme escuridão de Khaéos." – Koíntos Smyrnaíos, Queda de
Troía [Eós, em luto por seu filho Mêmnón diz que não irá mais elevar-se]
"Em seguida, Eós (Aurora) subiu de Ôkeanós, em seu áureo trono até os
céus, e Nýx (Noite) afundou no Kháos" – Koíntos Smyrnaíos, Queda de
Troía
"Oríôn caiu pela cruel virgem Ártemis, veio e agora preenche o Kháos" –
Valerius Flaccus, Argonauticas. [o ar, que Oríôn preenche como uma constelação].
"Misteriosa é a causa, mas o antigo tem esta honra [do presságio
profético] dada pelos pássaros, se o fundador do corpo celestial, assim
ordenou, quando forjou a vasta extensão do Kháos nas sementes frescas de
coisas." – Statios, Thebaís.
"Antes de tudo Khthón/Gaía,
fresada por Hélios com o brilho de seu esplendor recém-criado por sobre o
peito todo-maternal... Beroé primeiro lançou para longe do cone de
névoa sombria, e depois se livrou do véu sombrio do Kháos." – Nónnos,
Dionysiká.
“Khaós: Também o ar (Áêr) de acordo com Aristophánes
em, As Aves: “Tu não concederás passagem ao cheiro das coxas através de
vossa cidade estrangeira e do espaço (Kháos)”. Também, “mesmo Zeús, é
mais velho que o Kháos”, nos escritos mais antigos. E Ibykós escreveu:
“ele voa por sobre o espaço de outro ser (Kháos).” E novamente: “Ele
engana todos e jorra absurdos para nós em vão, pois mesmo Zeús, viveu
antes de Kháos”. – Souídas.
Escuridão do Tártaros.
Kháos
era considerado a personificação do Ar escuro e inferior, que se
encontra logo abaixo da Terra, nas profundezas do Tártaros, formando o
espaço que divide o Érebos, as trevas, do Tártaros, o mundo dos mortos,
diferentemente de sua forma Aêr, que se encontra na superfície da terra
cheia de vida, o Kháos seria frio e sem vida, como uma terrível névoa
gélida.
"[Orpheús pede aos deuses do submundo para devolver a
sua Eurýdikê:] por essas regiões cheias de medo, por esse enorme Chaos,
esses vastos reinos silenciosos, teça, eu imploro, o desenrolar do
destino demasiado rápido de minha Eurydice." – Ovidius, Metamorphoseis.
"Ela [a feiticeira Kírkê]... distante de Erebus e Chaos, chamou Nox
(noite) e os Nocti Di (Deuses da Noite) e despejou uma oração com
prolongados gritos lamentosos a Hecate." – Ovidius, Metamorphoseis.
"Que os céus ouçam os seus poderosos gemidos, deixe a rainha do mundo
das trevas [Perséphonê] ouvir... Vamos Chaos re-ecoar os gritos de sua
dor." – Seneca, Hercules.
"Tu, Chaos, de noite sem fim, vós
reinos remotos do céu, ó profanos fantasmas, tu senhor [Háidês] do reino
das trevas." – Seneca, Medeia.
"Deuses fúnebres, tenebroso
Chaos e sombrio Dis [Háidês] escura morada, os abismos sombrios de Mors
[Thánatos] cingida, pelas bordas do Tartarus." – Seneca, Medeia.
"[O vidente Teiresías realiza necromancia:] O lugar inteiro foi
sacudido e o solo foi atingido por baixo... O cego Chaos é aberto, e
para as tribos de Dis [Háidês] uma forma é dada ao mundo superior." –
Seneca, Oedipus.
"Ahh, terra, leva-me, terrível Chaos, leva-me,
desta forma para as sombras, é mais adequado para mim, meu filho eu
seguir." – Seneca, Phaedra.
Mistura dos Elementos.
Em
sua obra Metamorphoseis, Ovidius descreveu ao Kháos como a mistura dos
elementos primordiais, terra, água, fogo e ar, uma massa confusa, que
continha as sementes de todas as coisas, a completa desordem do
universo. Ovidius afirma que:
"Antes do mar, da terra e céu
que tudo cobre, a natureza tinha, em todo o orbe, um só rosto a que
chamaram Chaos, massa rude e indigesta; nada havia, a não ser o peso
inerte e díspares sementes mal dispostas de coisas sem nexo.
Inda nenhum Titan iluminava o mundo, nem Phoebe, no crescente, os
chifres renovava, nem a terra pendia no ar circunfuso, suspensa no seu
peso, nem, por longas margens, os seus braços havia espraiado
Amphitrite.
E como ali houvesse terra e mar e ar, instável era a
terra, a onda inavegável e o ar sem luz; a nada aderia uma forma, e
cada coisa obstava outras, pois num só corpo o frio combatia o quente, o
seco o úmido, o mole o duro, e o peso o que não tinha peso." – Obídios,
Metamorphóseis.
Caos e Cosmos.
Kháos seria para os
gregos o contrário de Kósmos. Tanto Kháos como Kósmos são forças
geradoras do universo. Kháos parece ser uma força mais primitiva,
enquanto Kósmos uma força mais aprimorada.
Se Kháos gera
através da separação e distinção dos elementos, e Kósmos através da
união ou indistinção destes, parece mais lógico que a idéia de confusão e
de indistinção elemental pertença a Kósmos. Kósmos age de tal modo
sobre os elementos do Mundo, que poderia fundí-los numa confusão
inexorável. Assim, seu irmão Kháos equilíbra sua força unificadora
através da repulsa dos elementos.
Kháos é, então, uma força
antiga e obscura que manifesta a vida por meio da divisão dos elementos.
Enquanto Kósmos é o princípio que produz a vida por meio da união dos
elementos, masculino e feminino.
É frequente, devido à
divulgação das idéias de Ovidius, considerar Kháos como uma força sem
forma ou aparência. Isso não é de todo uma inverdade. Na pré-história
grega, tanto Kháos como Kósmos eram representados como forças sem forma.
Representação.
O mito de Hesíodos começa com a atividade de três elementos: Kháos, o
abismo de trevas cósmico, que se divide em Nýx, celeste, e Érebos,
subterrâneo. Depois veio Gaia de amplos seios, a habitação luminosa dos
seres vivos, e o Tártaros nevoento, habitação sombria das almas dos
mortos. Eles ou elas geram sozinhos seres poderosos e gigantescos, até
que intervém o quarto elemento, Kósmos, a atração, que impõe uma nova
forma de reprodução, dando origem a seres mais belos, proporcionados e
"humanos", dos quais os primeiros são os Titânes, artífices da primeira
humanidade da Idade de Ouro. Um deles, Krónos, castrou o pai e tomou o
poder, até ser deposto pelo seu filho Zeus. Os genitais castrados de
Ouranós, o Céu, originaram Aphroditê, deusa do Amor, ao passo que Nýx
gerou sozinha, Éris, deusa da discórdia e as Moirai, deusas do destino,
além de muitos outros seres punitivos e terríveis.
Em termos
modernos, isto poderia ser assim compreendido: os princípios
fundamentais são o espaço vazio (Kháos), a vida (Gaia), a morte
(Tártaros) e a beleza (Kósmos), entendida como ordem e proporção. Os
três primeiros são capazes de gerar por si, mas apenas quando a beleza
do parceiro doma seus espíritos e vontade é que passam a gerar, através
do coito, seres realmente belos, porque originados dessa beleza e não da
vontade bruta. Só com esses seres surge verdadeiramente o amor, a luta,
a evolução e o Universo que conhecemos.
Características.
O Kháos apresenta três características principais:
É um abismo sen fundo onde tudo cai eternamente: a Terra que emergirá
dele para oferecer um solo estável e contrasta radicalmente com o Kháos.
É um lugar sem nenhuma possível orientação, onde tudo cai em todas as direções.
É um espaço que separa, que divide: depois de que a Terra e o Céu se separam, o Kháos permanece entre ambos.
Fonte: universogrego.blogspot
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