sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Alástôr, Punição.



Na mitologia grega, Alástôr (em grego Ἀλάστωρ, “vingador”) era um Daímôn, filho de Nýx, a personificação da punição contra a descendência daqueles que cometeram crimes contra a família. Companheiro das Erinýes, as vingativas Daímones das profundezas do Tártaros.

Alástôr também foi um epíteto de Zeús, de acordo com Hesykhios de Alexandria e a obra Etymologicum Magnum, que o descreveu como o deus dos maus atos: específicamente, relacionados com o derramamento de sangue familiar. Como a personificação de uma maldição, é também um epíteto das Erinýes.

O nome também é utilizado pelos escritores, especialmente os trágicos, para designar a qualquer divindade dos erros cometidos pelos homens: em Eléktra, por exemplo, Oreistês questiona a um oráculo que lhe exorta a matar a sua mãe, e se pergunta si o oráculo não seria de Apóllôn ou senão de algum alástôr malicioso.

“CORO. Oh Daímôn [Alástôr], que te lanças sobre este palácio e sobre os dois Tantalídes [Agamémnôn e Meneláos], e afirmas a força, desoladora de meu coração, de duas mulheres de iguais sentimentos'! Posto em cima do cadáver, na forma de corvo inimigo, se vangloria de cantar, segundo o rito, um hýmnos triunfal.

KLYTAIMNÉSTRA. Agora hás retificado a sentença de teus lábios, invocando ao gênio que três vezes se saciastes desta família. É ele que alimenta nas entranhas este desejo de lamber sangue, e antes que cesse o mal antigo se declara um novo abscesso .

CORO. Si, grande, grande é para esta casa e de pesada cólera o Daímôn [Alástôr] que recordas. Ai, ai, doloroso recordo insaciável de destino calamitoso! Ai, ai, pela vontade de Zeús, causa de tudo e que tudo cumpre! Pois que coisa para os mortais termina sem Zeús? Qual destes acontecimentos não é obra de um deus?

Ai, ai, rei meu, rei meu! Como chorar-te? Que posso dizer-te do fundo de meu coração? Jazes nesta teia de aranha, exalando a vida com morte ímpia, ai de mim!, domado neste leito ignominioso por morte traidora, sob a arma de dois fios manejada por mão de mulher.

KLYTAIMNÉSTRA. Asseguras que isto é obra minha: não consideres que sou a esposa de Agamémnôn. Tomando a forma da mulher deste morto, o antigo, amargo Alástôr de Atreús, cruel anfitrião, o ofereceu em pagamento, sacrificando um adulto em vingança por uns meninos.

CORO. Tu inocente deste crimen! Quem dará testemunho? Como, como Alástôr dos pais poderia ser teu cúmplice? Usando de violência, entre arroios de sangue fraterno, o negro Árês avança até o lugar no qual fará justiça pelo coalho de sangue de uns meninos devorados.” – Aiskhýlos, Agamêmnon 1.468.

“CORO. Um ultraje que em lugar de outro ultraje, e é difícil decidir-se entre eles. Quem despoja é despojado e o que mata paga sua dívida. Enquanto Zeús permaneça em seu trono, subsiste: «que o culpado pague», é a lei sagrada. Quem poderia lançar da casa ao germe maldito? A raça está soldada na calamidade.

CLITEMNESTRA. Hás regado com verdade a este oráculo. Pois bem; eu quero, concluindo um pacto com o Daímôn [Alástôr] dos Pleisthenídes, sofrer esta situação por mais dura que seja; mas, para o futuro, que saindo desta casa abrume a outra família com mortes intestinas. Basta-me, em absoluto, ter uma parte dos bens, se posso retirar do palácio a loucura de recíprocas matanças.” – Aiskhýlos, Agamêmnon 1.560.

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